30 de setembro de 2013

Fallen -4° Capítulo

Postado por PopCorns Do Bieber às segunda-feira, setembro 30, 2013 0 comentários



“Quando Eu Te Chamo É Porque Estou Sentindo Sua Falta, Quando Eu Não Te Chamo, É Porque Estou Esperando Você Sentir A Minha.”


                           Perfeitos Estranhos -Parte 3

Mesmo com o mesmo corte, Ariane permaneceria como uma versão subnutrida de Luce.
Enquanto Luce estava ocupada com seu primeiro corte de cabelo, Ariane explanava as complexidades da vida na Sword & Cross.
— Esse bloco de celas ali é Augustine. É lá onde nós temos nossos tão falados eventos sociais nas noites de quarta-feira. E todas as nossas aulas.
Ela apontou para a construção com cor de dente amarelado, dois prédios à direita do dormitório. Parecia que havia sido desenhado pelo mesmo sádico que desenhara o Pauline. Era tristemente quadrado, tristemente parecido com uma fortaleza, cercado pelo mesmo arame farpado e janelas com grades. Uma névoa cinza fazia as paredes parecerem camufladas por musgos, tornando impossível de ver se alguém estava lá.
— Aviso claro — Ariane continuou — você vai odiar as aulas aqui. Você não é humana se não odiar.
— Por quê? O que há de tão ruim com elas? — Luce perguntou.
Talvez Ariane apenas não gostasse de escola no geral. Com seu esmalte preto, delineador preto e a bolsa preta que parecia grande o suficiente para caber apenas o novo canivete suíço dela, ela não parecia exatamente estudiosa.
— Aqui você vai ver o ginásio de ponta — ela disse, assumindo um tom nasalado de guia turístico. — Sim, sim, para os olhos inexperientes parece uma igreja. Costumava ser. Nós temos um tipo de arquitetura de segunda mão na Sword & Cross. Alguns anos atrás, algum maluco por exercícios físicos apareceu falando besteira sobre como supermedicar os adolescentes arruína a sociedade. Ele doou uma tonelada de dinheiro de merda então eles transformaram a igreja num ginásio. Agora os poderosos podem pensar que a gente desconta nossas “frustrações” de um jeito mais “produtivo”.
Luce gemeu. Ela sempre detestou educação física.
— Garota do meu coração — Ariane se condoeu — Treinador Diante é di-a-bó-li-co.
Enquanto Luce se movimentou para acompanhar, ela reparou no resto do recinto. O complexo da Dover havia sido bem cuidado, tudo bem feito e pontilhado em espaços uniformes, árvores cuidadosamente podadas. Sword & Cross parecia que havia tudo caído subitamente e abandonado no meio de um pântano. Salgueiros cujos galhos apontavam para baixo balançavam para o chão, kudzu crescia pelo muro em lençóis, e todo o terceiro piso escutava o barulho do respingo.
E não era apenas a maneira que o local parecia. Cada respiração úmida de Luce permanecia presa em seus pulmões. Apenas respirar na Sword & Cross fazia ela se sentir como se estivesse atolando em areia movediça.
— Aparentemente os arquitetos entraram num impasse enorme sobre como melhorar o estilo dos prédios da antiga academia militar. O resultado é que nós acabamos em um lugar metade penitenciária, metade zona de tortura medieval. E sem jardineiro — Ariane disse, tirando um pouco de limo de seus coturnos. — Tosco. Oh, e aqui está o cemitério.
Luce seguiu Ariane apontando o dedo para a parte mais longe do lado esquerdo do terreno, após o dormitório. Um manto ainda mais espesso de névoa pairava sobre a porção de terra sem muros.
Era delimitado dos três lados por uma densa floresta de carvalhos. Ela não podia ver dentro do cemitério, que parecia quase afundar-se debaixo da superfície, mas ela podia sentir o cheiro da podridão e ouvir o coro de cigarras zumbindo nas árvores. Por um segundo, ela pensou que ouviu o silvo das sombras – mas ela piscou e eles se foram.
— Isso é um cemitério?
— Aham. Isso costumava ser uma academia militar, caminho de volta nos dias da Guerra Civil. Então era aqui que eles jogavam todos os seus mortos. É arrepiante como todos caem fora. E meu sinhô — Ariane disse, acumulando um falso sotaque sulista. — Isso fede até os céus!
Então, ela piscou para Luce.
— Nós ficamos lá pra caramba.
Luce olhou para Ariane para ver se ela estava brincando. Ariane só deu de ombros.
— Okay, foi só uma vez. E foi só depois de uma grande festa de medicamentos.
Ora, essa era uma palavra que Luce reconhecia.
— Há! Ariane riu. — Eu acabei de ver uma luz acender aí em cima. Então, alguém estáem casa. Bem, Luce, minha querida, você provavelmente foi a festas de internatos, mas você nunca viu como as crianças de reformatórios colocam tudo abaixo.
— Qual é a diferença? — Luce perguntou, tentando esconder o fato que ela nunca foi a nenhuma grande festa na Dover.
— Você vai ver — Ariane parou e se virou para Luce. — Você vem essa noite e fica lá, okay? — Ela surpreendeu Luce pegando sua mão. — Promete?
— Mas eu pensei que você disse que eu devia manter distância dos casos perigosos — Luce brincou.
— Regra número dois – Não me escute! — Ariane gargalhou, balançando a cabeça. — Eu sou com certeza louca!
Ela deu uma corridinha e Luce foi atrás dela.
— Espere, qual é a regra número um?
— Me acompanha!

***

Quando elas viraram a esquina das salas de aula de paredes de bloco de cimento, Ariane deu uma parada.
— Pareça legal — ela disse.
— Legal — Luce repetiu.
Todos os outros estudantes pareciam estar agrupados em volta das árvores estranguladas pelo kudzu do lado de fora do Augustine. Nenhum deles parecia exatamente feliz por estar do lado de fora, mas ninguém parecia exatamente pronto a entrar, também.
Nunca houve muito código de vestimenta na Dover, então Luce não estava acostumada com a uniformidade do corpo estudantil. Então, novamente, apesar de todos ali usarem os mesmos jeans pretos, blusas de gola alta pretas e suéteres pretos amarrados sobre seus ombros ou em volta da cintura, continuava havendo diferenças substanciais no jeito que eles o usavam.
Um grupo de garotas tatuadas paradas em um círculo cruzado usavam pulseiras até seus cotovelos. As bandanas pretas no cabelo delas lembrou a Luce um filme que ela viu uma vez sobre gangues femininas de motocliclistas. Ela alugou porque pensou: O que pode haver de mais legal que uma gangue de motoqueiros só de mulheres? Agora os olhos de Luce trancaram-se em uma das garotas no gramado. O estrabismo lateral da garota de olhos-de-gato delineados de preto fez Luce rapidamente mudar a direção de seu olhar.
Um cara e uma garota que estavam de mãos dadas tinham lantejoulas costuradas em formato de ossos cruzados nas costas de seus suéteres pretos. A cada poucos segundos, um dos dois puxava o outro pra um beijo nas têmporas, no lóbulo da orelha, nos olhos. Quando eles envolveram seus braços em volta um do outro, Luce pode ver que ambos usavam pulseiras de rastreamento que estavam piscando. Eles pareciam um pouco rudes, mas estava óbvio o quanto estavam apaixonados. Toda vez que ela via as argolas de suas línguas piscando, Luce sentia um aperto solitário beliscando seu peito.
Atrás dos namorados, um grupo de garotos loiros estava encostado contra a parede. Cada um deles usava seu suéter, apesar do calor. E todos eles tinham camisas oxford brancas por baixo, o colarinho engomado para cima. As barras remendadas de suas calças pretas batiam na beira de seus sapatos polidos, que calçavam perfeitamente. De todos os estudantes no perímetro, esses garotos pareciam para Luce os mais próximos do estilo da Dover. Mas um olhar mais aproximado rapidamente os diferenciava dos garotos que ela costumava conhecer. Os caras como Trevor.
Apenas estando em grupo, esses garotos radiavam um tipo especial de tenacidade. Estava bem ali no olhar de seus olhos. Era difícil de explicar, mas isso de repente surpreendeu Luce, que assim como ela, todos nessa escola tinham um passado. Todos aqui provavelmente possuíam segredos que não queriam compartilhar. Mas ela não sabia se essa descoberta a fazia se sentir mais ou menos isolada.
Ariane percebeu os olhos de Luce rondando os outros alunos.
— Nós todos fazemos o que podemos para sobreviver durante o dia — ela disse, encolhendo. — Mas no caso de você não ter observado os abutres aproveitadores, esse lugar cheira muito bem a morte.
Ela tomou um lugar em um banco debaixo de um salgueiro e afagou o lugar perto dela para Luce.
Luce afastou um amontoado de folhas molhadas em decomposição, mas logo antes dela sentar, ela notou outra violação do código de vestimenta.
Uma violação muito atraente.
Ele vestia uma brilhante echarpe vermelha em volta do seu pescoço. Estava longe de estar frio lá fora, mas ele tinha uma jaqueta de couro preta de motociclista em cima de seu suéter preto, também. Talvez fosse porque ele era o único ponto de cor no perímetro, mas ele era tudo que Luce podia olhar. Na verdade, tudo parecia pálido em comparação a isso. Por um longo momento, Luce se esqueceu de quem era.
Ela notou seu cabelo dourado profundo e bronzeado apropriado. Suas maçãs do rosto salientes, os óculos escuros que cobriam seus olhos, a forma suave de seus lábios. Em todos os filmes que Luce tinha visto, em todos os livros que ela havia lido, o interesse amoroso era enlouquecedoramente bonito – exceto por aquela única pequena falha. O dente lascado, o charmoso topete, a bela marca em sua bochecha esquerda. Ela sabia por que – se o herói fosse imaculado demais, havia o risco dele ser inacessível. Mas acessível ou não, Luce sempre teve um fraco pelos sublimemente bonitos. Como esse cara.
Ele inclinou-se contra o prédio com suas mãos cruzadas suavemente sobre seu peito. E por um milésimo de segundo, Luce viu uma rápida imagem dela jogada nos braços dele. Ela sacudiu a cabeça, mas a visão permanecia tão clara que ela quase decolou em direção a ele. Não. Isso era louco. Certo? Mesmo numa escola cheia de malucos, Luce estava certa de que aquele instinto era insano. Ela nem ao menos o conhecia.
Ele estava falando com um aluno com sorriso cheio de dentes. Os dois estavam rindo forte e genuinamente – de um jeito que fez Luce se sentir estranhamente enciumada. Ela estava tentando lembrar qual foi a última vez que ela riu, realmente, daquele jeito.
— Esse é Justin Bieber — Ariane falou, se inclinando e lendo sua mente. — Eu posso dizer que ele chamou a atenção de alguma pessoa.
— Eufemismo — Luce concordou, envergonhada quando ela percebeu como ela devia ter parecido para Ariane.
— É bem, se você gosta desse tipo de coisa.
— O que tem para não gostar? — Luce perguntou, sem conseguir fazer as palavras pararem de sair.
— O amigo dele lá é Roland — Ariane explicou, apontando na direção do garoto que estava ao lado de Justin. — Ele é legal. O tipo de cara que pode conseguir coisas, sabe?
Não realmente, Luce pensou, mordendo seu lábio.
— Que tipo de coisas?
Ariane encolheu, usando seu canivete suíço roubado para cortar uma vertente desgastada de seu jeans preto.
— Apenas coisas. Tipo de coisas que você-pede-e-recebe.
— E Justin? — Luce perguntou. — Qual é a história dele?
— Oh, ela não desiste — Ariane riu, depois limpou a garganta. — Ninguém sabe de verdade. Ele guarda bem firme sua misteriosa personalidade masculina. Pode ser simplesmente o típico babaca de reformatório.
— Eu não sou estranha a babacas — Luce disse, embora assim que as palavras saíram, ela desejou poder pegá-las de volta.
Depois do que aconteceu com Trevor – o que quer que tenha acontecido – ela era a última pessoa que deveria julgar pelas aparências. Mas, mais do que isso, nas raras vezes que ela fazia uma pequena referência àquela noite, o dossel preto das sombras se deslocava e voltava para ela, como se ela estivesse de volta ao lago.
Ela olhou de volta para Justin. Ele tirou seus óculos e os deslizou para dentro de sua jaqueta, então, virou-se e olhou para ela.
Seu olhar apanhou o dela, e Luce viu enquanto seus olhos alargaram-se e rapidamente se estreitaram em um olhar surpreso. Quando o olhar de Justin capturou o dela, sua respiração ficou presa em sua garganta. Ela o reconhecia de algum lugar. Mas ela iria se lembrar de conhecer alguém como ele. Ela iria se lembrar de se sentir tão absolutamente assombrada quanto se sentia agora.
Ela percebeu que eles ainda estavam com os olhos presos quando ele relampejou um sorriso para ela. Um jato de calor foi atirado nela e ela teve que agarrar-se ao banco para se apoiar. Ela sentiu os lábios dela derreteram-se num sorriso de volta para ele, mas então ele levantou sua mão no ar.
E mostrou-lhe o dedo do meio.
Luce arfou e deixou seu olhar cair.
— O quê? — Ariane perguntou, alheia ao que havia acontecido. — Esquece. Nós não temos tempo. Eu sinto o sinal.
O sinal tocou na deixa, e todo o corpo estudantil começou o lento arrastar de pés para dentro do prédio. Ariane estava segurando a mão de Luce e declamando orientações sobre onde se encontrar com ela depois e quando. Mas Luce continuava cambaleando por aquele perfeito estranho ter-lhe mostrado o dedo do meio. Seu delírio momentâneo sobre Daniel sumiu. Qual era o problema daquele cara?
Logo antes dela entrar em sua primeira aula, ela ousou olhar para trás. Seu rosto estava vazio, mas não havia dúvida – ele a estava observando ir embora.

Continua...



Tá ai purple cats. Espero que gostem :3'  COMENTEM!

28 de setembro de 2013

Fallen -3° Capítulo

Postado por PopCorns Do Bieber às sábado, setembro 28, 2013 0 comentários
                                                             
                      
       “Quem Quebra Um Promessa, Também Quebra Uma Esperança.”


                                     Perfeitos Estranhos -Parte 2

Antes que Luce pudesse responder, uma garota magra, de cabelos negros apareceu à sua frente, abanando seus dedos longos na face de Luce.
— Ooooh — a garota zombou com uma voz fantasmagórica, dançando em volta de Luce em círculos. — Os vermelhos estão de olho em vocêêêê.
— Sai daqui, Ariane, antes que eu tenha que lobotomizá-la — a acompanhante disse, embora fosse claro por seu breve, mas genuíno, sorriso que ela possuía alguma bruta afeição pela garota louca.
E estava claro que Ariane não era recíproca ao amor. Ela fez um gesto obsceno para a acompanhante, então parou na frente de Luce, a enfrentando para que ficasse ofendida.
— E só por isso — a acompanhante disse, anotando furiosamente em seu caderninho — você ganhou a tarefa de mostrar tudo em volta para a pequena Miss Sunshine hoje.
Ela apontou para Luce, que parecia qualquer coisa, menos ensolarada, com seus jeans pretos, botas pretas e top preto. Na seção do “código de vestimenta”, o website da Sword & Cross falava alegremente que enquanto os alunos tivessem bom comportamento, eles estavam livres para vestir o que quisessem, porém, com duas condições: o estilo deve ser modesto e as roupas deviam ser pretas. Muita liberdade.
A blusa de gola tartaruga que sua mãe a havia forçado a usar não fazia nada pelas suas curvas, e até sua melhor forma havia sumido: seu grosso cabelo preto, que costumava cair sobre sua cintura, havia sido completamente destruído. O fogo do chalé havia queimado seu couro cabeludo e deixado seu cabelo desigual, então depois da longa, silenciosa viagem de Dover para casa, sua mãe a colocara na banheira, trouxe o barbeador elétrico do pai e sem nenhuma palavra raspou sua cabeça. Durante o verão, seu cabelo havia crescido um pouco, apenas o suficiente para que suas ondas, outrora invejáveis, agora pairassem logo abaixo de suas orelhas.
Ariane a avaliou, dando um tapa com um dedo contra seus finos lábios pálidos.
— Perfeito — ela disse, dando um passo a frente para colocar seus braços em volta de Luce. — Eu estava realmente pensando que eu poderia usar uma nova escrava.
A porta do salão abriu e entrou o menino de olhos verdes. Ele balançou a cabeça e disse para Luce:
— Esse lugar não liga de te despir para fazer uma revista. Então, se você está guardando qualquer outro risco — ele ergueu uma sobrancelha e um punhado de objetos desconhecidos da caixa — salve-se dos perigos.
Atrás de Luce, Ariane prendia o riso. O cara virou a cabeça e quando seus olhos registraram Ariane, ele abriu sua boca e a fechou novamente, como se não tivesse certeza do que fazer.
— Ariane — ele falou uniformemente.
— Cam — ela replicou.
— Você o conhece? — Luce sussurrou, se perguntando se havia o mesmo tipo de facções em escolas reformatórias como haviam na Dover.
— Não me lembre — Ariane disse, arrastando Luce para fora da porta, dentro da cinza e alagada manhã.
Os fundos do prédio principal davam em uma calçada lascada, em volta de um campo bagunçado. A grama estava tão comprida que parecia mais um terreno baldio que uma área pública de uma escola, mas um desbotado placar e arquibancadas de madeira provavam o contrário.
Por trás do contorno do lugar, havia quatro prédios de aparência severa: o dormitório longe à direita; uma gigante, feia e velha igreja à extrema esquerda e outras duas grandes estruturas no meio deles, que Luce imaginou serem as salas de aula.
Era isso. Seu mundo inteiro estava reduzido àquela triste visão de seus olhos.
Ariane imediatamente desviou do caminho direito e levou Luce ao campo, sentando no alto de uma das arquibancadas de madeira molhadas.
A estrutura correspondente em Dover gritava Atleta da Ivy League em formação, então Luce sempre havia evitado ficar lá. Mas esse campo vazio, com essas enferrujados, deformados traves, contava uma história completamente diferente. Uma que não foi fácil para Luce descobrir. Três urubus turcos passaram acima de sua cabeça, e um vento triste chicoteou sobre os galhos nus dos carvalhos. Luce estremeceu e abaixou seu queixo para dentro da gola de tartaruga.
— Então — Ariane começou — agora você conheceu Randy.
— Eu pensei que fosse Cam.
— Eu não estou falando dele — Ariane disse rapidamente — a mulher-macho daqui. — Ariane virou a cabeça para o escritório onde elas haviam deixado a acompanhante vendo TV. — Que que 'cê acha? Homem ou mulher?
— Hm... Mulher? — Luce tentou. — Isso é um teste?
Ariane esboçou um sorriso.
— O primeiro de muitos. E você passou. Pelo menos, eu acho que você passou. O gênero da maioria do corpo docente daqui é um debate escolar em curso. Não se preocupe, você vai entrar nele.
Luce achou que Ariane estava fazendo uma piada – nesse caso, legal. Mas isso tudo era como uma enorme mudança da Dover. Em sua antiga escola, as gravatas-verdes-esgotantes, os engomados futuros senadores praticamente escorriam pelos corredores, no requintado silêncio que o dinheiro parecia passar acima de tudo.
Mais do que nunca, o pessoal da Dover lançava a Luce olhares tortos de não-suje-as-paredes-brancas-com-suas-impressões. Ela tentou imaginar Ariane lá: se espreguiçando nas arquibancadas, fazendo uma alta, bruta piada com sua voz mordaz. Luce tentou imaginar o que Callie pensaria de Ariane. Nunca havia ninguém como ela na Dover.
— Okay, desembucha — Ariane ordenou.
Pulando da arquibancada mais alta e apontando para que Luce se juntasse a ela
— O que cê fez para entrar aqui?
O seu tom de voz era brincalhão, mas de repente Luce teve que se sentar. Era ridículo, mas ela meio que esperava passar por seu primeiro dia de aula sem seu passado vindo a mente, roubando sua fina fachada de calma. É claro que as pessoas aqui vão querer saber.
Ela pôde sentir o sangue arranhar suas têmporas. Acontecia sempre que ela tentava pensar voltar – realmente voltar – àquela noite. Ela nunca parou de se sentir culpada com o que havia acontecido a Trevor, mas ela também tentava duramente não ficar atolada nas sombras que, por agora, eram a única coisa que ela se lembrava do acidente. Aquela escuridão, as coisas indefinidas que ela nunca poderia contar para ninguém.
Risque isso – ela começou a contar a Trevor a presença peculiar que sentiu naquela noite, sobre as curvas retorcidas sobre suas cabeças, tentando assombrar sua noite perfeita. É claro, então já era tarde demais. Trevor se foi, seu corpo queimado e irreconhecível, e Luce era... Ela era... Culpada?
Ninguém sabia sobre as tenebrosas formas que ela havia visto no escuro. Elas sempre vinham para ela. Elas iam e vinham há tanto tempo que Luce não conseguia se lembrar a primeira vez que as vira. Mas ela se lembrava da primeira vez que ela percebeu que as sombras não vinham para todos – ou na verdade, para ninguém além dela. Quando ela tinha sete anos, sua família estava de férias em Hilton Head e seus pais a levaram em uma passeio de barco. Estava perto do pôr-do-sol quando as sombras começaram a ondular sobre a água, e ela se virou para seu pai e disse “O que você faz quando elas aparecem, pai? Porque você não se assusta com os monstros?”
Não haviam monstros, seus pais a asseguraram, mas Luce repetia insistentemente a presença de alguma coisa oscilante e negra que a levou a várias consultas com o oftalmologista da família, e depois óculos, e depois consultas com o médico de ouvido depois dela fazer uma errônea descrição do som rouco de vento soprando forte que as sombras faziam algumas vezes – e depois, terapia, e depois, mais terapia, e finalmente a prescrição de remédios antipsicóticos. Mas nada os fazia ir embora.
Quando ela fez catorze, Luce se recusou a tomar seus remédios. Foi quando eles encontraram o Dr. Sanford e a Dover School perto. Eles voaram para New Hampshire, e seu pai dirigiu seu carro alugado por uma rodovia longa e sinuosa para a mansão no topo da colina chamada Shady Hollows. Eles colocaram Luce de frente para um homem de jaleco e a perguntaram se ela continuava tendo suas “visões”. A palma das mãos de seus pais estavam suando, enquanto eles agarravam as mãos, sobrancelhas franzidas com o medo de que houvesse algo terrivelmente errado com sua filha.
Ninguém veio e disse que se ela dissesse para o Dr. Sanford o que eles queriam que ela dissesse, ela provavelmente estaria vendo muito mais da Shady Hollows. Quando ela mentia e agia normalmente, ela estava permitida a frequentar a Dover e só tinha que visitá-lo uma vez ao mês.
Luce tinha sido permitida de parar de tomar as horríveis pílulas assim que começou a fingir que não via mais as sombras. Mas ela continuava sem ter controle sobre elas quando apareciam.
Tudo o que ela sabia era que o catálogo mental dos lugares que eles apareceram para ela no passado – florestas densas, águas turvas – se tornaram os lugares que ela evitava a todo custo.
Tudo o que ela sabia era que quando as sombras vinham, elas estavam acompanhadas de um calafrio gelado sobre sua pele, um repugnante sentimento diferente de qualquer outra coisa.
Luce sentou de pernas abertas em uma das arquibancadas e segurou suas têmporas entre seus polegares e dedos médios. Se ela queria fazer aquilo completamente hoje, ela tinha que colocar seu passado em recesso na sua mente. Ela não conseguia sondar sua memória daquela noite por ela mesma, então não havia nenhum jeito dela arejar todos os detalhes horríveis para algum esquisito, maníaco estranho.
Em vez de responder, ela observou Ariane, que estava deitada de costas para as arquibancadas, um par de enormes óculos escuros esportivos cobrindo o melhor da sua face. Era difícil afirmar, mas ela estava olhando para Luce, também, porque, depois de um segundo, ela se levantou das arquibancadas e sorriu.
— Corte meu cabelo como o seu.
— O quê? — Luce engasgou. — Seu cabelo é lindo.
Era verdade: Ariane tinha um longo, pesado cabelo, que Luce tinha perdido desesperadamente. Seus cachos negros soltos brilhavam na luz do sol, ganhando um tom avermelhado. Luce enfiou seu cabelo atrás das orelhas, mesmo que ele ainda não fosse longo o bastante para fazer qualquer coisa exceto bater de volta na frente deles.
— Lindo porcaria — Ariane disse. — O seu é sexy, moderno. E eu quero ele.
— Hm, ok.
Seria isso um elogio? Ela não sabia se deveria estar lisonjeada ou enervada com o jeito que Ariane assumiu que poderia ter o que desejasse, até quando isso pertencia a outra pessoa.
— Onde nós vamos conseguir...
— Tcharã — Ariane abriu sua bolsa e tirou de lá o canivete suíço rosa que Gabbe havia deixado na caixa de perigos. — Que foi? — ela disse, vendo a reação de Luce. — Eu sempre mantenho meu dedo pegajoso no dia que os novos estudantes tem que se livrar dessas coisas. A ideia sozinha me veio em meus dias de cão no entretenimento da Sword & Cross... Hm... Acampamento de verão.
— Você passa o verão inteiro... Aqui? — Luce estremeceu.
— Há! Falando como uma verdadeira novata! Você provavelmente está esperando umas férias de primavera. — Ela atirou para Luce o canivete suíço. — Nós não vamos deixar esse inferno. Nunca. Agora corte.
— E as câmeras? — Luce perguntou, olhando em volta, com o canivete em mãos.
Haveria câmeras em algum lugar aqui.
Ariane sacudiu a cabeça.
— Me recuso a me associar com maricas. Você pode lidar com isso ou não?
Luce assentiu.
— E não me diga que você nunca cortou um cabelo antes. — Ariane agarrou o canivete suíço por trás de Luce, puxou a ferramenta de tesoura e entregou-o de volta. — Nenhuma outra palavra até você me dizer o quão fantástica fiquei.
No “salão” da banheira de seus pais, a mãe de Luce havia puxado os restos de seu longo cabelo em um bagunçado rabo de cavalo, antes de jogar tudo aquilo fora. Luce estava certa de que havia um método mais estratégico de cortar cabelos, mas como alguém que evitara cortes de cabelo durante toda a vida, a técnica do rabo de cavalo era a única que conhecia. Ela recolheu o cabelo de Ariane em suas mãos, pegou o elástico que estava em volta de seu pulso, segurou a pequena tesoura firmemente e começou a cortar.
O rabo de cavalo caiu nos pés dela e Ariane sobressaltou-se e apanhou subitamente. Ela o pegou e segurou na direção do sol. O coração de Luce se comprimiu com a visão. Ela estava agonizando pelo seu próprio cabelo perdido, e todas as outras perdas que isso simbolizava. Mas Ariane só deixou um delicado sorriso espalhar pelos seus lábios. Ela correu os dedos pelo rabo de cavalo, e depois o jogou dentro da bolsa.
— Maravilhoso — ela disse. — Continue.
— Ariane — Luce sussurrou, antes que pudesse parar a si mesma. — Seu pescoço. Está todo...
— Cheio de cicatrizes? Você pode dizer isso.
A pele do pescoço de Ariane, desde a parte de trás de sua orelha direita até seu colar de ossos estava com reentrâncias, marmorizadas e brilhantes. A mente de Luce foi até Trevor – para aquelas horríveis imagens. Até seus próprios pais não a olharam depois do viram. Ela estava tendo um mal momento olhando para Ariane agora.
Ariane agarrou a mão de Luce e pressionou contra sua pele. Era quente e frio, ao mesmo tempo. Era liso e áspero.
— Eu não tenho medo disso — Ariane disse. — Você tem?
— Não — Luce respondeu, enquanto ela desejava que Ariane tirasse sua mão, então Luce poderia tirar a dela também. Seu estômago se contorceu quando ela se questionou se a pele de Trevor seria assim.
— Você tem medo do que realmente é, Luce?
— Não — Luce disse outra vez, rapidamente.
Deveria ser óbvio que ela estava mentindo. Ela fechou os olhos. Tudo que ela desejava da Sword & Cross era um novo começo, um lugar onde as pessoas não olhariam para ela como Ariane estava olhando agora. No portão da escola essa manhã, quando seu pai sussurrou o lema da família em seu ouvido – “Prices nunca quebram” – parecia possível, mas agora Luce sentia-se decaída e exposta. Ela tirou sua mão.
— Então, como isso aconteceu? — ela perguntou, olhando para baixo.
— Se lembra que eu não te pressionei sobre o que você fez para estar aqui? — Ariane perguntou, erguendo suas sobrancelhas.
Luce assentiu.
Ariane gesticulou para as tesouras.
— Arrume a parte de trás, ok? Talvez isso me faça parecer realmente bonita. Talvez me faça parecer com você.

Continua..


Psé minhas purple cats ai tá o outro capítulo. Gente eu tava vendo em alguns sites, que teve muita gente que não gostou do livro Fallen, e teve também muitas que gostaram. Na minha opinião, eu achei o livro muito, muito bom, por isso que eu tô postando aqui pra vocês. Então por favor, quero que vocês comentem e me digam oque estão achando. Porque eu simplesmente amei o livro e como eu não sei se vocês tão gostando eu continuo postando. Se não estão gostando por favor, FALEM, NOS COMENTÁRIOS OU NO BATE PAPO, PORQUE SE NÃO ESTAREM GOSTANDO EU PARO E COMEÇO OUTRA OK?


27 de setembro de 2013

Cap.2 Looking For True Love

Postado por PopCorns Do Bieber às sexta-feira, setembro 27, 2013 0 comentários

muitas lembranças boas...

Nós fomos para o Canadá. Minha mãe já arrumou a escola pra mim e o ruim disso tudo é que você é nova na cidade e todo mundo fica te olhando como se fosse um extraterrestre. Mais o melhor de tudo é que eu vou esquecer o meu passado sofrido e doloroso. Nós nos mudamos para uma casa ajeitadinha tinha: 2 banheiros, 3 quartos, 1 sala  e 1 cozinha, até que as casas daqui são bem ajeitadas. Arrumei minhas coisas e fui dar uma volta. 
XxXxXxX: Oi!
Luce: Oi- sorri.
XxXxXxX: Prazer Caitlin- Ela falou esticando a mão para mim.
Luce: Prazer, Lucinda mais pode me chamar de Luce.
Caitlin: Você é nova por aqui né?
Luce: Sim, eu vim do Brasil.
Caitlin: Ah sério? É legal  lá?
Luce: Muito- Disse abaixando a cabeça um pouco.
Caitlin: Você quer desabafar? Parece que aconteceu algo lá que você não gosta muito de lembrar.
Luce: Não é nada de mais. - Falei limpando uma lágrima teimosa.
Caitlin: Hm. Você tem quantos anos?
Luce: 17 e você?
Caitlin: Somos duas. - ela falou rindo.
Luce: E você estuda aonde?
Caitlin:Na High Schools, sua mãe ja arrumou pra você?
Luce: Que legal! É a mesma que eu vou estudar. –nós duas rimos.
Caitlin: Que bom- ela sorriu- bom, a gente se ver por ai.
Luce: ok, a gente se ver por ai. - disse me levantando do gramado em que estávamos sentadas.
Caitlin: Posso?- Ela falou se referindo a um abraço.
Luce: AH! Claro. –sorri, e ela me abraçou forte.
Caitlin: Tchau Luce.
Luce: Tchau.

Andei mais um pouco por ali e depois fui pra casa. [ ... ] Dia Seguinte.

Levantei com o despertador chiando no meu ouvido. Levantei tomei um banho e me arrumei, desci e minha mãe já se encontrava fazendo o café, a - ajudei e tomamos o café da manhã juntas o que raramente é possível. Estava indo para a escola a pé encontrei com a Caitlin e ela me deus uma carona. Chegamos a tal escola, ela era bem legalzinha, mais o ruin era que toda a escola estava me olhando. Desci imediatamente, e fui rumo a direção... Peguei meus horários e por sorte minha primeira aula era com a Cait.
Professor:  Bom dia pessoal.- ele falou olhando para a turma.- Temosa uma aluna nova- ele falou olhando pra mim com um sorriso estampado em sua cara. Ele estava tipo “ Venha aqui na frente se apresentar” e eu tipo “ Não,não muito obrigado mais não me chama por favor.- venha aqui na frente se apresentar-se.
Merda! Fui lá na frente e todos olhavam com curiosidade.
Luce: Bom... meu nome é Lucinda mas a maioria das pessoas me chamam de Luce, eu Tenho 17 anos, morava no Brasil e me mudei pra cá faz 2 dias.- sorri nervosa.
Professor: Nossa! Que ótimo do Brasil? Sério?
Luce: Sim. - tentei sorri forçado, mais acho que não deu muito certo.
Professor: Pode se sentar, Luce obrigado.- Me sentei e ele começou a falar.- Bom turma vamos começar a aula com uma redação sobre o que vocês acham sobre o Mundo da era de agora.- Todos começaram a fazer suas redações... o sinal tocou e eu fui a mesa do professor entregar minha “queria redação”.

Professor: Foi um prazer te conhecer Luce.
Luce: ah, eu também.
Professor: Você tem cara de estudiosa, e eu gosto disso.
Luce: ata... ok eu já vou indo.

Sai da sala apressada, já estava atrasada para a outra aula.Cheguei ao meu destino e bati na porta.
Luce: Licença professor, posso entrar?
Professor: Claro! Você deve ser a aluna nova, Luce certo?
Luce: Sim.
Professor: Ah que bom, sente-se ali com aquele garoto.- ele apontou para um que estava sentado sozinho, conversando com os amigos, ele era lindo *-* cabelos dourados com o penteado topete, olhos cor de mel e sua boca perfeitamente avermelhada. Fui em sua direção e me sentei.
Professor: Bom, vamos começar a aula...
Ficamos todos em silêncio ate ele se pronunciar comigo.
XxXxXX: Prazer sou o Justin.- ele falou esticando a mão pra mim.
Luce: Lucinda, mas pode me chamar de Luce.
Justin: Ok!- ele sorriu, e que sorriso hein. Pare luce! Você não pode! Awn mais ele é tão lindo.
A aula acabou e eu fui procurar Caitlin, que estava no estacionamento em frente ao seu carro com ele....


  Contiinuaa.

Awn gente eu sei que ficou pequeno. Desculpem :/




24 de setembro de 2013

Fallen -2° Capítulo

Postado por PopCorns Do Bieber às terça-feira, setembro 24, 2013 0 comentários
                         
        "Nem Sempre Um Sorriso, Significa Sinal De Felicidade."
                                           

                              Perfeitos Estranhos -Parte 1

Luce entrou no saguão iluminado pelas lâmpadas fluorescentes da Escola Sword & Cross dez minutos atrasada. Uma atendente rechonchuda, de bochechas coradas e com uma prancheta presa sob o bíceps torneado, estava dando ordens - o que significava que Luce já havia ficado para trás.
-Então, lembrem-se: PPP, pílulas, pijamas e polícia, que carinhosamente chamamos de vermelhos. -ladrou a atendente para três outros estudantes de pé à frente de Luce.- Lembrem-se do essencial e ninguém vai se machucar.
Luce apressou-se para se juntar ao grupo. Ela ainda estava tentando entender se tinha preenchido corretamente a gigantesca pilha de formulários, se esse guia de cabeça raspada parado na frente deles era homem ou mulher, se alguém ali a ajudaria com a enorme mochila, se seus pais se livrariam de seu amado Plymouth Fury assim que chegassem em casa, depois de deixá-la ali. Eles ameaçaram vender o carro durante o verão inteiro, e agora tinham um motivo com o qual nem mesmo Luce poderia argumentar: ninguém tinha permissão para ter carros no novo colégio de Luce. Seu novo reformatório, para ser mais exata.
Ela ainda estava se acostumando com a palavra.
-Você podia, hum, repetir? -ela perguntou à atendente. -O que você disse sobre pílulas...
-Ora, vejam só quem resolveu aparecer. -disse a atendente, em alto e bom som, e então continuou, enunciando lentamente: -Pílulas ou remédios. Se for uma das alunas medicadas, é aonde deve ir para se manter dopada, sã, respirando, seja lá o que for.
Mulher, Luce concluiu, analisando a atendente. Nenhum homem seria ardiloso o bastante para usar aquele tom de voz sarcástico.
-Entendi. -Luce sentiu o estômago revirar. -Remédios.
Luce parara de tomar remédios há anos. Depois do acidente no último verão, o Dr. Sanford, seu médico em Hopkinton - e o motivo pelo qual seus pais a tinham mandado para um colégio interno em New Hampshire -, estava pensando em medicá-la de novo. Apesar de ela finalmente tê-lo convencido de que estava quase estável, fora necessário um mês extra de análise simplesmente para poder ficar longe daqueles horríveis antipsicóticos.
E essa era a razão pela qual estava começando a cursar o último ano na Sword & Cross, um mês inteiro depois do ano letivo. Ser uma aluna nova já era ruim o bastante, e Luce tinha ficado muito nervosa por ter que se esforçar para alcançar o ritmo das matérias quando todo mundo já estava acostumado a elas. Mas, pelo visto, ela não era a única aluna chegando hoje.
Ela deu uma olhada nos três outros alunos parados em semicírculo em volta dela. Na sua última escola, a Dover Prep, foi durante o tour pelo campus no primeiro dia de aula que Luce conhecera a melhor amiga, Callie. Num campus onde todos os outros alunos tinham praticamente sido desmamados juntos, o fato de Luce e Callie serem as únicas que não vinham de famílias tradicionais da escola já era afinidade o suficiente. Mas não foi preciso muito tempo para que as duas garotas percebessem que partilhavam a mesma obsessão por filmes antigos - especialmente os de Albert Finney. Depois de descobrirem, no primeiro ano, enquanto assistiam a Um caminho para dois, que nenhuma das duas conseguia fazer pipoca sem disparar o alarme de incêndio, Callie e Luce não desgrudaram mais uma da outra. Até... até serem obrigadas.
Parados de cada lado de Luce hoje estavam dois garotos e uma garota. A garota parecia bem fácil de decifrar, loira e bonita, como se saída de um comercial da Neutrogena, com unhas pintadas de cor-de-rosa claro combinando com a pasta de plástico.
-Sou Gabbe. -disse arrastado, abrindo para Luce um grande sorriso que desapareceu tão rápido quanto tinha surgido, antes mesmo de Luce poder dizer seu próprio nome. O interesse passageiro da garota fez Luce pensar em mais uma versão sulista das garotas da Dover do que em alguém que se esperaria encontrar na Sword & Cross. Luce não conseguia decidir se isso era reconformante ou não, assim como não conseguia nem imaginar o que uma garota com essa aparência estaria fazendo num reformatório.
À direita de Luce estava um garoto de cabelo castanho curto, olhos castanhos e um monte de sardas no nariz. Mas, pela maneira como ele evitava encará-la, e só ficava mordendo a cutícula do dedão, Luce teve a impressão de que o garoto, assim como ela, provavelmente ainda estava atordoado e envergonhado por ter ido parar ali.
O garoto à esquerda, por outro lado, se encaixava no estereótipo desse lugar até um pouco demais. Ele era alto e magro, carregava um case de DJ pendurado num dos ombros, tinha cabelo preto repicado e grandes e profundos olhos verdes. Seus lábios eram cheios e de um cor-de-rosa natural que a maioria das garotas mataria para ter. Na nuca, uma tatuagem preta no formato de sol quase parecia brilhar na pele branca, subindo pela gola de sua camiseta preta.
Diferente dos outros dois, quando esse garoto virou para olhá-la, encarou fixamente seus olhos e não se moveu. Os lábios numa linha séria, mas os olhos eram quentes e vivos. Ele a contemplou, parado como uma escultura, fazendo Luce congelar também. Ela prendeu a respiração. Aqueles olhos eram intensos, sedutores e, bem, um pouco desconcertantes.
Com alguns pigarros, a atendente interrompeu o olhar hipnotizador do garoto. Luce corou e fingiu estar muito ocupada coçando a cabeça.
-Aqueles que já aprenderam as regras estão livres para ir, assim que jogarem fora seus objetos perigosos. -A atendente indicou uma grande caixa de papelão sob um cartaz que dizia em grandes letras pretas MATERIAIS PROIBIDOS. -E, quando digo ir, Todd -ela pousou  a mão com força no ombro do menino sardento, fazendo-o saltar -, quero dizer para os limites do ginásio, encontrar seus guias previamente escolhidos. Você -continuou, apontando para Luce -,descarte seus materiais perigosos e fique comigo.
Os quatro se acotovelaram até a caixa e Luce assistiu, estupefata, os outros alunos começarem a esvaziar os bolsos. A garota jogou na caixa um canivete suíço de sete centímetros. O garoto de olhos verdes relutantemente se livrou de uma lata de spray de tinta e um estilete. Até o infeliz Todd descartou várias caixas de fósforos e uma pequena embalagem de fluido para isqueiro. Luce se sentiu quase envergonhada por não estar escondendo nada perigoso também, mas, quando viu os outros alunos enfiarem as mãos nos bolsos e jogarem também seus celulares dentro da caixa, Luce engoliu em seco.
Inclinando-se para a frente para ver um pouco mais de perto o cartaz de MATERIAIS PROIBIDOS, ela notou que celulares, pagers e walk-talkies era estritamente contra as regras. Já era ruim o suficiente não poder ficar com o carro! Luce tocou, com a mão suada e grudenta, o celular em seu bolso, a única conexão com o mundo lá fora. Quando a atendente viu a expressão em seu rosto, Luce recebeu uns tapinhas de leve no rosto.
-Não vá morrer aqui na minha frente, garota, não me pagam bem o suficiente para ressuscitar alguém. Além disso, você tem direito a um telefonema por semana no saguão principal.
Uma ligação... Uma vez por semana? Mas...
Ela abaixou os olhos para o celular uma última vez e viu que tinha recebido duas novas mensagens de texto. Não parecia possível que essas fossem ser suas últimas mensagens de texto. A primeira era de Callie.

Liga logo! Vou esperar ao lado do telefone a noite toda, então pode ir se preparando pra contar. E lembre-se do mantra que te falei: você vai sobreviver! Aliás, se é que faz alguma diferença, acho que todo mundo já esqueceu completamente sobre...

Bem no estilo de Callie, havia tantos caracteres na mensagem que a porcaria do celular de Luce cortou a frase depois de algumas linhas. Por um lado, Luce quase se sentiu aliviada. Ela não queria saber como todo mundo da sua antiga escola já tinha esquecido o que acontecera, o que ela fizera pra vir parar num lugar desses.
Luce suspirou e passou para a segunda mensagem. Era da sua mãe, que tinha aprendido como se mandava mensagens há algumas poucas semanas, e certamente não sabia dessa história de uma ligação por semana, ou nunca teria abandonado a filha ali. Não é?

Querida, estamos sempre pensando em você. Seja boazinha e tente comer bastante proteína. Conversamos quando der. Com amor, M & P.

Com outro suspiro, Luce percebeu que os pais provavelmente sabiam. De que outra maneira poderia explicar as expressões sofridas quando ela se despedira nos portões da escola naquela manhã, com a  mochila na mão? No café da manhã, ela tentara fazer piada, dizendo que finalmente perderia aquele horrível sotaque da Nova Inglaterra que tinha adquirido na Dover, mas seus pais não tinham nem mesmo sorrido. Luce achou que ainda estavam com raiva dela; eles nunca faziam escândalo, o que significava que, quando Luce fazia algo muito errado, simplesmente davam um gelo nela. Agora entendia o comportamento estranho dessa manhã: seus pais já estavam lamentando a perda de contato com sua única filha.
-Ainda estamos esperando alguém. -cantarolou a atendente. -Quem será que é? -A atenção de Luce voltou para a caixa dos materiais perigosos, que agora estava transbordando de coisas contrabandeadas que ela nem reconhecia. Podia sentir os olhos verdes do garoto de cabelo escuro sobre si. Ao levantar os olhos, porém, percebeu que todos a estavam encarando. Era sua vez. Luce fechou os olhos e lentamente abriu os dedos, deixando o telefone escorregar e cair no alto da pilha, fazendo um som triste. O som de estar completamente sozinha.
Todd e a robô Gabbe foram para a porta sem nem olhar na direção de Luce, mas o terceiro garoto se virou para a antendente.
-Posso explicar as coisas pra ela. -disse, indicando Luce com a cabeça.
-Não faz parte do nosso acordo. -respondeu a mulher automaticamente, como se já estivesse esperando esse diálogo. -Você é novo aqui mais uma vez, e isso significa ter as mesmas restrições que os outros alunos novos. De volta ao começo. Se não ficou feliz, devia ter pensado duas vezes antes de violar a condicional.
O garoto ficou imóvel e sem demonstrar nada, enquanto a atendente puxava Luce - que tinha congelado com a palavra "condicional" - para o final do corredor amarelado.
-Continuando. -prosseguiu ela, como se nada tivesse acontecido. -Cama. -Apontou pela janela oeste para um distante prédio de alvenaria. Luce podia ver Gabbe e Todd se aproximando do prédio devagar, com o terceiro garoto andando lentamente, como se  alcançá-los fosse a última coisa em sua lista de prioridades.
O dormitório era grande e quadrado, um bloco cinza e sólido cujas grossas portas duplas não revelavam nada sobre a possibilidade de haver vida atrás delas. Uma grande placa de pedra estava plantada no meio da grama morta, e Luce lembrou-se de ter visto, no website, as palavras DORMITÓRIO PAULINE gravadas nela. Parecia ainda mais feia no sol nebuloso da manhã do que na sem graça foto em preto e branco.
Mesmo a distância, Luce podia ver o limo preto cobrindo a fachada do dormitórrio. Todas as janelas eram obstruídas por fileiras de barras grossas de aço. Ela apertou os olhos. Aquilo era arame farpado em cima da cerca que dava a volta no prédio?
A atendente baixou os olhos para uma lista, folheando a ficha de Luce.
-Quarto sessenta e três. Deixe a bolsa na minha sala com o resto das malas por enquanto. Poderá se acomodar durante a tarde.
Luce arrastou a mochila vermelha até os outros três baús pretos indistintos. Então, instintivamente, tentou pegar seu celular, onde geralmente anotava coisas que precisava lembrar. Mas, quando sua mão tocou no bolso vazio, Luce suspirou e tentou memorizar o número do quarto em vez disso.
Ela ainda não entendia por que não podia ficar na casa dos pais; a casa em Thunderbolt ficava a menos de meia hora da Sword & Cross. Era tão bom estar de volta a Savannah, onde, como sua mãe sempre dissera, até o vento soprava de forma preguiçosa. O ritmo mais tranquilo e lento da Geórgia tinha muito mais a ver com Luce do que a Nova Inglaterra jamais tivera.
Mas a Sword & Cross não parecia ficar em  Savannah. Não se parecia com lugar nenhum, na verdade;  era somente um lugar sem vida e sem cor para onde o juíz a tinha mandado. Ela ouviu o pai no telefone com o diretor no outro dia, assentindo com seu jeito de professor de biologia confuso e dizendo: "Sim, sim, talvez fosse melhor que fosse supervisionada o tempo todo. Não, não, não gostaríamos de interferir nos seus métodos."
Claramente seu pai não sabia das condições de tal supervisão sobre sua única filha. Esse lugar parecia uma penitenciária de segurança máxima.
-E a outra coisa, como foi que você disse, os vermelhos? -Luce perguntou à atendente, pronta para ser liberada do tour.
-Vermelhos. -apontou a atendente para um pequeno aparelho pendurado no teto e ligado por fios: uma lente com uma luz vermelha piscando. Luce não tinha visto antes, mas, assim que a atendente apontou para a primeira, percebeu que estavam por toda a parte.
-Câmeras?
-Muito bem. -congratulou a atendente, com a voz escorrendo sarcasmo. -Deixamos todas bem óbvias para vocês não esquecerem. O tempo todo, em qualquer lugar, estamos de olho em vocês. Então não faça besteira, isto é, se conseguiur evitar.
Toda vez que alguém falava com Luce como se ela fosse uma total psicopata, a garota acreditava mais um pouco que isso era verdade.
Durante todo o verão as lembranças a assombraram, em seus sonhos e nos raros momentos em que seus pais deixavam-na sozinha. Alguma coisa tinha acontecido naquela cabana, e todo mundo, inclusive Luce, queria saber o quê. A polícia, o juíz, a assistente social, todos tinham tentado arrancar a verdade dela, mas Luce sabia tanto quanto eles. Ela e Trevor estavam brincando a noite toda, perseguindo um ao outro até a fileira da cabanas do lago, para longe da festa. Ela tinha tentado explicar que tinha sido uma das melhores noites de sua vida, até virar a pior.
Tinha passado tanto tempo relembrando aquela noite, escutando a risada de Trevor, sentindo as mãos dele apertando sua cintura, e tentando acreditar no que seu coração lhe dizia: que realmente era inocente.
Mas agora, cada regra e norma da Sword & Cross parecia desmentir essa certeza, e sugerir que realmente era perigosa e precisava ser controlada.
Luce sentiu um aperto firme em seu ombro.
-Olhe. -disse a atendente. -Se vai fazer você se sentir melhor, não está nem perto de ser o pior caso daqui.
Era o primeiro gesto simpático da atendente em relação a Luce, e ela acreditou na intenção dela para que se sentisse melhor. Mas... ela viera pra cá por ser suspeita da morte do cara por quem era apaixonada, e ainda assim "não estava perto de ser o pior caso daqui"? Luce se perguntou exatamente com o que estavam lidando na Sword & Cross.
-OK, a orientação acabou. -continuou a atendente. -Está por conta própria agora. Aqui está um mapa se precisar encontrar qualquer outra coisa. -Ela deu a Luce um mapa feio e feito à mão, e então olhou o relógio. -Você tem uma hora livre antes da primeira aula, mas minha novela começa em cinco minutos, então... -ela acenou as mãos para Luce -desapareça. E não se esqueça -completou, apontando uma última vez para as câmeras. -, os vermelhos estão te vendo.


Continua..


Ai tá o second chapter de Fallen purple cats. Eu tô vendo que essa história vai ficar um pouquinho grande. Por isso, vou dividir os capítulos em parte 1, parte 2 e parte 3 ok? Eu tô fazendo um esforço enorme, digitando esse trem e diminuindo o capítulo pra que naum fique tão grande pra vooçs. Eu tentei né, mais ainda ficou grande :/' Entaum tá amores, depois de amanhã eu posto, se eu conseguir terminar de digitar o outro capítulo. E COMENTEM! Bjustin :3'

/Keytii
 

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