24 de setembro de 2013

Fallen -2° Capítulo

Postado por PopCorns Do Bieber às terça-feira, setembro 24, 2013
                         
        "Nem Sempre Um Sorriso, Significa Sinal De Felicidade."
                                           

                              Perfeitos Estranhos -Parte 1

Luce entrou no saguão iluminado pelas lâmpadas fluorescentes da Escola Sword & Cross dez minutos atrasada. Uma atendente rechonchuda, de bochechas coradas e com uma prancheta presa sob o bíceps torneado, estava dando ordens - o que significava que Luce já havia ficado para trás.
-Então, lembrem-se: PPP, pílulas, pijamas e polícia, que carinhosamente chamamos de vermelhos. -ladrou a atendente para três outros estudantes de pé à frente de Luce.- Lembrem-se do essencial e ninguém vai se machucar.
Luce apressou-se para se juntar ao grupo. Ela ainda estava tentando entender se tinha preenchido corretamente a gigantesca pilha de formulários, se esse guia de cabeça raspada parado na frente deles era homem ou mulher, se alguém ali a ajudaria com a enorme mochila, se seus pais se livrariam de seu amado Plymouth Fury assim que chegassem em casa, depois de deixá-la ali. Eles ameaçaram vender o carro durante o verão inteiro, e agora tinham um motivo com o qual nem mesmo Luce poderia argumentar: ninguém tinha permissão para ter carros no novo colégio de Luce. Seu novo reformatório, para ser mais exata.
Ela ainda estava se acostumando com a palavra.
-Você podia, hum, repetir? -ela perguntou à atendente. -O que você disse sobre pílulas...
-Ora, vejam só quem resolveu aparecer. -disse a atendente, em alto e bom som, e então continuou, enunciando lentamente: -Pílulas ou remédios. Se for uma das alunas medicadas, é aonde deve ir para se manter dopada, sã, respirando, seja lá o que for.
Mulher, Luce concluiu, analisando a atendente. Nenhum homem seria ardiloso o bastante para usar aquele tom de voz sarcástico.
-Entendi. -Luce sentiu o estômago revirar. -Remédios.
Luce parara de tomar remédios há anos. Depois do acidente no último verão, o Dr. Sanford, seu médico em Hopkinton - e o motivo pelo qual seus pais a tinham mandado para um colégio interno em New Hampshire -, estava pensando em medicá-la de novo. Apesar de ela finalmente tê-lo convencido de que estava quase estável, fora necessário um mês extra de análise simplesmente para poder ficar longe daqueles horríveis antipsicóticos.
E essa era a razão pela qual estava começando a cursar o último ano na Sword & Cross, um mês inteiro depois do ano letivo. Ser uma aluna nova já era ruim o bastante, e Luce tinha ficado muito nervosa por ter que se esforçar para alcançar o ritmo das matérias quando todo mundo já estava acostumado a elas. Mas, pelo visto, ela não era a única aluna chegando hoje.
Ela deu uma olhada nos três outros alunos parados em semicírculo em volta dela. Na sua última escola, a Dover Prep, foi durante o tour pelo campus no primeiro dia de aula que Luce conhecera a melhor amiga, Callie. Num campus onde todos os outros alunos tinham praticamente sido desmamados juntos, o fato de Luce e Callie serem as únicas que não vinham de famílias tradicionais da escola já era afinidade o suficiente. Mas não foi preciso muito tempo para que as duas garotas percebessem que partilhavam a mesma obsessão por filmes antigos - especialmente os de Albert Finney. Depois de descobrirem, no primeiro ano, enquanto assistiam a Um caminho para dois, que nenhuma das duas conseguia fazer pipoca sem disparar o alarme de incêndio, Callie e Luce não desgrudaram mais uma da outra. Até... até serem obrigadas.
Parados de cada lado de Luce hoje estavam dois garotos e uma garota. A garota parecia bem fácil de decifrar, loira e bonita, como se saída de um comercial da Neutrogena, com unhas pintadas de cor-de-rosa claro combinando com a pasta de plástico.
-Sou Gabbe. -disse arrastado, abrindo para Luce um grande sorriso que desapareceu tão rápido quanto tinha surgido, antes mesmo de Luce poder dizer seu próprio nome. O interesse passageiro da garota fez Luce pensar em mais uma versão sulista das garotas da Dover do que em alguém que se esperaria encontrar na Sword & Cross. Luce não conseguia decidir se isso era reconformante ou não, assim como não conseguia nem imaginar o que uma garota com essa aparência estaria fazendo num reformatório.
À direita de Luce estava um garoto de cabelo castanho curto, olhos castanhos e um monte de sardas no nariz. Mas, pela maneira como ele evitava encará-la, e só ficava mordendo a cutícula do dedão, Luce teve a impressão de que o garoto, assim como ela, provavelmente ainda estava atordoado e envergonhado por ter ido parar ali.
O garoto à esquerda, por outro lado, se encaixava no estereótipo desse lugar até um pouco demais. Ele era alto e magro, carregava um case de DJ pendurado num dos ombros, tinha cabelo preto repicado e grandes e profundos olhos verdes. Seus lábios eram cheios e de um cor-de-rosa natural que a maioria das garotas mataria para ter. Na nuca, uma tatuagem preta no formato de sol quase parecia brilhar na pele branca, subindo pela gola de sua camiseta preta.
Diferente dos outros dois, quando esse garoto virou para olhá-la, encarou fixamente seus olhos e não se moveu. Os lábios numa linha séria, mas os olhos eram quentes e vivos. Ele a contemplou, parado como uma escultura, fazendo Luce congelar também. Ela prendeu a respiração. Aqueles olhos eram intensos, sedutores e, bem, um pouco desconcertantes.
Com alguns pigarros, a atendente interrompeu o olhar hipnotizador do garoto. Luce corou e fingiu estar muito ocupada coçando a cabeça.
-Aqueles que já aprenderam as regras estão livres para ir, assim que jogarem fora seus objetos perigosos. -A atendente indicou uma grande caixa de papelão sob um cartaz que dizia em grandes letras pretas MATERIAIS PROIBIDOS. -E, quando digo ir, Todd -ela pousou  a mão com força no ombro do menino sardento, fazendo-o saltar -, quero dizer para os limites do ginásio, encontrar seus guias previamente escolhidos. Você -continuou, apontando para Luce -,descarte seus materiais perigosos e fique comigo.
Os quatro se acotovelaram até a caixa e Luce assistiu, estupefata, os outros alunos começarem a esvaziar os bolsos. A garota jogou na caixa um canivete suíço de sete centímetros. O garoto de olhos verdes relutantemente se livrou de uma lata de spray de tinta e um estilete. Até o infeliz Todd descartou várias caixas de fósforos e uma pequena embalagem de fluido para isqueiro. Luce se sentiu quase envergonhada por não estar escondendo nada perigoso também, mas, quando viu os outros alunos enfiarem as mãos nos bolsos e jogarem também seus celulares dentro da caixa, Luce engoliu em seco.
Inclinando-se para a frente para ver um pouco mais de perto o cartaz de MATERIAIS PROIBIDOS, ela notou que celulares, pagers e walk-talkies era estritamente contra as regras. Já era ruim o suficiente não poder ficar com o carro! Luce tocou, com a mão suada e grudenta, o celular em seu bolso, a única conexão com o mundo lá fora. Quando a atendente viu a expressão em seu rosto, Luce recebeu uns tapinhas de leve no rosto.
-Não vá morrer aqui na minha frente, garota, não me pagam bem o suficiente para ressuscitar alguém. Além disso, você tem direito a um telefonema por semana no saguão principal.
Uma ligação... Uma vez por semana? Mas...
Ela abaixou os olhos para o celular uma última vez e viu que tinha recebido duas novas mensagens de texto. Não parecia possível que essas fossem ser suas últimas mensagens de texto. A primeira era de Callie.

Liga logo! Vou esperar ao lado do telefone a noite toda, então pode ir se preparando pra contar. E lembre-se do mantra que te falei: você vai sobreviver! Aliás, se é que faz alguma diferença, acho que todo mundo já esqueceu completamente sobre...

Bem no estilo de Callie, havia tantos caracteres na mensagem que a porcaria do celular de Luce cortou a frase depois de algumas linhas. Por um lado, Luce quase se sentiu aliviada. Ela não queria saber como todo mundo da sua antiga escola já tinha esquecido o que acontecera, o que ela fizera pra vir parar num lugar desses.
Luce suspirou e passou para a segunda mensagem. Era da sua mãe, que tinha aprendido como se mandava mensagens há algumas poucas semanas, e certamente não sabia dessa história de uma ligação por semana, ou nunca teria abandonado a filha ali. Não é?

Querida, estamos sempre pensando em você. Seja boazinha e tente comer bastante proteína. Conversamos quando der. Com amor, M & P.

Com outro suspiro, Luce percebeu que os pais provavelmente sabiam. De que outra maneira poderia explicar as expressões sofridas quando ela se despedira nos portões da escola naquela manhã, com a  mochila na mão? No café da manhã, ela tentara fazer piada, dizendo que finalmente perderia aquele horrível sotaque da Nova Inglaterra que tinha adquirido na Dover, mas seus pais não tinham nem mesmo sorrido. Luce achou que ainda estavam com raiva dela; eles nunca faziam escândalo, o que significava que, quando Luce fazia algo muito errado, simplesmente davam um gelo nela. Agora entendia o comportamento estranho dessa manhã: seus pais já estavam lamentando a perda de contato com sua única filha.
-Ainda estamos esperando alguém. -cantarolou a atendente. -Quem será que é? -A atenção de Luce voltou para a caixa dos materiais perigosos, que agora estava transbordando de coisas contrabandeadas que ela nem reconhecia. Podia sentir os olhos verdes do garoto de cabelo escuro sobre si. Ao levantar os olhos, porém, percebeu que todos a estavam encarando. Era sua vez. Luce fechou os olhos e lentamente abriu os dedos, deixando o telefone escorregar e cair no alto da pilha, fazendo um som triste. O som de estar completamente sozinha.
Todd e a robô Gabbe foram para a porta sem nem olhar na direção de Luce, mas o terceiro garoto se virou para a antendente.
-Posso explicar as coisas pra ela. -disse, indicando Luce com a cabeça.
-Não faz parte do nosso acordo. -respondeu a mulher automaticamente, como se já estivesse esperando esse diálogo. -Você é novo aqui mais uma vez, e isso significa ter as mesmas restrições que os outros alunos novos. De volta ao começo. Se não ficou feliz, devia ter pensado duas vezes antes de violar a condicional.
O garoto ficou imóvel e sem demonstrar nada, enquanto a atendente puxava Luce - que tinha congelado com a palavra "condicional" - para o final do corredor amarelado.
-Continuando. -prosseguiu ela, como se nada tivesse acontecido. -Cama. -Apontou pela janela oeste para um distante prédio de alvenaria. Luce podia ver Gabbe e Todd se aproximando do prédio devagar, com o terceiro garoto andando lentamente, como se  alcançá-los fosse a última coisa em sua lista de prioridades.
O dormitório era grande e quadrado, um bloco cinza e sólido cujas grossas portas duplas não revelavam nada sobre a possibilidade de haver vida atrás delas. Uma grande placa de pedra estava plantada no meio da grama morta, e Luce lembrou-se de ter visto, no website, as palavras DORMITÓRIO PAULINE gravadas nela. Parecia ainda mais feia no sol nebuloso da manhã do que na sem graça foto em preto e branco.
Mesmo a distância, Luce podia ver o limo preto cobrindo a fachada do dormitórrio. Todas as janelas eram obstruídas por fileiras de barras grossas de aço. Ela apertou os olhos. Aquilo era arame farpado em cima da cerca que dava a volta no prédio?
A atendente baixou os olhos para uma lista, folheando a ficha de Luce.
-Quarto sessenta e três. Deixe a bolsa na minha sala com o resto das malas por enquanto. Poderá se acomodar durante a tarde.
Luce arrastou a mochila vermelha até os outros três baús pretos indistintos. Então, instintivamente, tentou pegar seu celular, onde geralmente anotava coisas que precisava lembrar. Mas, quando sua mão tocou no bolso vazio, Luce suspirou e tentou memorizar o número do quarto em vez disso.
Ela ainda não entendia por que não podia ficar na casa dos pais; a casa em Thunderbolt ficava a menos de meia hora da Sword & Cross. Era tão bom estar de volta a Savannah, onde, como sua mãe sempre dissera, até o vento soprava de forma preguiçosa. O ritmo mais tranquilo e lento da Geórgia tinha muito mais a ver com Luce do que a Nova Inglaterra jamais tivera.
Mas a Sword & Cross não parecia ficar em  Savannah. Não se parecia com lugar nenhum, na verdade;  era somente um lugar sem vida e sem cor para onde o juíz a tinha mandado. Ela ouviu o pai no telefone com o diretor no outro dia, assentindo com seu jeito de professor de biologia confuso e dizendo: "Sim, sim, talvez fosse melhor que fosse supervisionada o tempo todo. Não, não, não gostaríamos de interferir nos seus métodos."
Claramente seu pai não sabia das condições de tal supervisão sobre sua única filha. Esse lugar parecia uma penitenciária de segurança máxima.
-E a outra coisa, como foi que você disse, os vermelhos? -Luce perguntou à atendente, pronta para ser liberada do tour.
-Vermelhos. -apontou a atendente para um pequeno aparelho pendurado no teto e ligado por fios: uma lente com uma luz vermelha piscando. Luce não tinha visto antes, mas, assim que a atendente apontou para a primeira, percebeu que estavam por toda a parte.
-Câmeras?
-Muito bem. -congratulou a atendente, com a voz escorrendo sarcasmo. -Deixamos todas bem óbvias para vocês não esquecerem. O tempo todo, em qualquer lugar, estamos de olho em vocês. Então não faça besteira, isto é, se conseguiur evitar.
Toda vez que alguém falava com Luce como se ela fosse uma total psicopata, a garota acreditava mais um pouco que isso era verdade.
Durante todo o verão as lembranças a assombraram, em seus sonhos e nos raros momentos em que seus pais deixavam-na sozinha. Alguma coisa tinha acontecido naquela cabana, e todo mundo, inclusive Luce, queria saber o quê. A polícia, o juíz, a assistente social, todos tinham tentado arrancar a verdade dela, mas Luce sabia tanto quanto eles. Ela e Trevor estavam brincando a noite toda, perseguindo um ao outro até a fileira da cabanas do lago, para longe da festa. Ela tinha tentado explicar que tinha sido uma das melhores noites de sua vida, até virar a pior.
Tinha passado tanto tempo relembrando aquela noite, escutando a risada de Trevor, sentindo as mãos dele apertando sua cintura, e tentando acreditar no que seu coração lhe dizia: que realmente era inocente.
Mas agora, cada regra e norma da Sword & Cross parecia desmentir essa certeza, e sugerir que realmente era perigosa e precisava ser controlada.
Luce sentiu um aperto firme em seu ombro.
-Olhe. -disse a atendente. -Se vai fazer você se sentir melhor, não está nem perto de ser o pior caso daqui.
Era o primeiro gesto simpático da atendente em relação a Luce, e ela acreditou na intenção dela para que se sentisse melhor. Mas... ela viera pra cá por ser suspeita da morte do cara por quem era apaixonada, e ainda assim "não estava perto de ser o pior caso daqui"? Luce se perguntou exatamente com o que estavam lidando na Sword & Cross.
-OK, a orientação acabou. -continuou a atendente. -Está por conta própria agora. Aqui está um mapa se precisar encontrar qualquer outra coisa. -Ela deu a Luce um mapa feio e feito à mão, e então olhou o relógio. -Você tem uma hora livre antes da primeira aula, mas minha novela começa em cinco minutos, então... -ela acenou as mãos para Luce -desapareça. E não se esqueça -completou, apontando uma última vez para as câmeras. -, os vermelhos estão te vendo.


Continua..


Ai tá o second chapter de Fallen purple cats. Eu tô vendo que essa história vai ficar um pouquinho grande. Por isso, vou dividir os capítulos em parte 1, parte 2 e parte 3 ok? Eu tô fazendo um esforço enorme, digitando esse trem e diminuindo o capítulo pra que naum fique tão grande pra vooçs. Eu tentei né, mais ainda ficou grande :/' Entaum tá amores, depois de amanhã eu posto, se eu conseguir terminar de digitar o outro capítulo. E COMENTEM! Bjustin :3'

/Keytii

0 comentários:

Postar um comentário

Que bom! Você está prestes à comentar. Sabia que esse comentário é muito importante para nós? Isso mesmo, comente se você gosta de ler, fale oque está achando, e deixe seus elogios ou críticas. Nós aceitamos tudo. Muito obrigada por comentar. E um recadinho para os que não comentam : COMENTA! NÃO VAI ARRANCAR SEU DEDINHO NÃO, PODE CONFIAR :3'

 

PopCorns Do Bieber Copyright © 2012 Design by Amanda Inácio Vinte e poucos