"Do Que Vale Me Dizer Mil Formas De Amar, Se Você Não Pratica Nenhuma?"
Onde Há Fogo -Parte 2
Significava que mais tipos de sombras estavam encontrando uma maneira de chegar a ela? Ou só era ela que estava ficando melhor em distingui-las? E o que era este estranho momento durante a leitura da Srta. Sophia, quando ela praticamente exortou uma sombra antes que pudesse entrar em seu bolso? Ela tinha feito isso sem pensar, e não tinha razão para esperar que seus dois dedos pudessem fazer algo à sombra, mas eles tinham feito – ela deu uma olhada ao redor das estantes – pelo menos temporariamente.
Ela se perguntava se ela tinha arrumado algum tipo de precedente para interagir com as sombras. Exceto que para chamar o que ela tinha feito com a sombra pairando sobre a cabeça de Penn de “interagir” – inclusive Luce sabia que era um eufemismo. Um frio e doentio sentimento cresceu em seu interior quando percebeu que o que ela tinha começado a fazer com as sombras era mais como... lutar com elas.
— Essa é a coisa mais estranha — Penn falou do chão. — Deveria ser exatamente aqui entre O Dicionário dos Anjos e esta coisa horrível de Billy Graham fogo-e-enxofre. — Ela levantou a vista para Luce. — Mas sumiu.
— Pensei que você tivesse dito...
— Eu disse. O computador tinha listado as estantes quando procurei esta tarde, mas não podemos conectar a esta hora para checar de novo.
— Pode perguntar à Todd — Luce sugeriu. — Talvez ele esteja usando como capa para suas Playboys.
— Que nojento — Penn bateu em sua coxa.
Luce saiba que só tinha feito essa brincadeira para baixar um pouco sua decepção. Isso era tão frustrante. Ela não podia encontrar nada sobre Justin sem correr contra uma parede. Ela não sabia o que poderia encontrar nessas páginas do livro de sua tatara-tatara-o que seja do livro, mas pelo menos lhe diria algo mais sobre Justin. No qual era melhor que nada.
— Fique aqui — disse Penn, levantando-se. — Vou perguntar para a Srta. Sophia se alguém o tirou hoje.
Luce a observou ir sobre o longo corredor até a mesa da frente. Ela riu quando Penn apertou o passo quando passou pela área onde Todd estava sentado.
Sozinha no canto de trás, Luce roçou alguns dos outros livros na estante. Ela fez uma rápida e mental revisão de todos os estudantes na Sword & Cross, mas não podia pensar em nenhum candidato para tirar um velho livro de religião. Talvez a Srta. Sophia tinha usado como referência para sua sessão de revisão mais cedo.
Luce se perguntou o que deve ter sido para Justin ficar sentado lá, escutando a bibliotecária falar sobre coisas que tinham sido provavelmente temas da mesa de jantar em sua casa quando ele estava crescendo. Luce queria saber como tinha sido a infância dele. O que tinha acontecido a sua família? Teve sua educação em um orfanato religioso? Ou tinha sido sua infância como a dela, onde as únicas coisas perseguidas religiosamente eram boas notas e honras acadêmicas? Ela queria saber se Justin tinha lido este livro escrito por seu ancestral e o que ele tinha pensado sobre isso, e se ele gostava de escrever.
Ela queria saber o que ele estava fazendo exatamente agora na festa de Gabbe e quando era seu aniversário e qual o tamanho do sapato que usava e se ele alguma vez desperdiçou um segundo de seu tempo pensando nela.
Luce sacudiu sua cabeça. Este tipo de pensamento estava dirigindo-se diretamente a Cidade da Piedade, e ela queria sair. Tirou o primeiro livro da estante – a tão desinteressante surrada capa do Dicionário dos Anjos – e decidiu se distrair lendo até que Penn voltasse.
Ela tinha ido até o ponto quando o anjo caído Abbadon, que se arrependeu de estar do lado de Satanás e constantemente lamentava sua má decisão – bocejo – quando um som forte soou sobre sua cabeça. Luce olhou para cima para ver a luz vermelha do alarme de incêndio.
— Alerta. Alerta — uma monótona voz robótica anunciava em voz alta. — O alarme de incêndio foi ativado. Evacuem o prédio.
Luce deslizou o livro de volta para a estante e começou a correr. Eles tinham feito este tipo de coisa em Dover o tempo todo. Depois de um tempo, tinha chegado ao ponto onde nem mesmo os professores ouviam as simulações de incêndios mensalmente, então o Departamento de Bombeiros tinha realmente começado a configurar o alarme só para as pessoas responderem.
Luce podia ver claramente os administradores da Sword & Cross fazendo a mesma coisa. Mas quando ela começou a caminhar até a saída, foi surpreendida ao encontrar-se tossindo. Tinha fogo de verdade na biblioteca.
— Penn? — Ela gritou, escutando o eco de sua voz em seus ouvidos.
Ela sabia que seria abafada pelo ruído do alarme. O odor da fumaça a fez instantaneamente voltar às chamas na noite com Trevor. Imagens e sons flutuavam em sua cabeça, coisas que ela tinha abafado tão profundamente de sua memória que poderiam muito bem ter sido apagadas. Até agora.
Os surpreendentes olhos brancos de Trevor contra a luz alaranjada. As individuais chamas enquanto o fogo se dispersava entre cada um de seus dedos. O agudo e interminável grito que ressoava em sua cabeça como uma sirene muito depois que Trevor tivesse dado por vencido. E todo o tempo, ela tinha estado ali parada, observando, ela não podia deixar de ver, congelada neste banho de calor. Ela não tinha sido capaz de mover-se. Ela não tinha sido capaz de fazer algo para ajudá-lo. Então ele morreu.
Sentiu alguém agarrar seu pulso esquerdo e se virou, esperando ver Penn. Era Todd. O branco de seus olhos eram enormes, e ele estava tossindo também.
— Temos que sair daqui — ele disse, respirando rápido. — Acho que a saída está na parte de trás.
— E Penn e a Srta. Sophia? — Luce perguntou.
Ela estava se sentindo fraca e enjoada. Esfregou os olhos.
— Elas estavam ali.
Quando ela apontou para o corredor até a entrada, ela podia ver o quanto a fumaça tinha se tornado mais grossa nesta direção.
Todd olhou receoso por um segundo, mas depois assentiu.
— Ok — ele disse, mantendo-se agarrado ao pulso dela enquanto se agachavam e corriam até as portas principais da biblioteca.
Foram para a direita quando um corredor parecia particularmente estar cheio de fumaça, encontraram-se em uma parede de livros sem nenhuma pista de até onde correr. Os dois pararam para respirar.
A fumaça que só a alguns momentos estava sobre suas cabeças, agora pressionava abaixo de seus ombros. Ainda agachados nela, eles estavam se asfixiando. E não podiam ver nada mais que alguns metros à frente deles. Certificando-se de se manter agarrada a Todd, Luce deu uma volta em círculo, repentinamente insegura de qual direção eles tinham vindo. Ela estendeu a mão e sentiu um metal quente de uma estante. Ela nem sequer podia ver os títulos nos livros. Estavam na sessão de J ou O?
Não tinham pista que guiasse até Penn e a Srta. Sophia, e nenhuma pista que os guiassem para a saída tampouco. Luce sentiu uma onda de pânico passar por ela, fazendo mais difícil respirar,
— Elas já devem ter saído pelas portas da frente! — Todd gritou, parecendo meio convencido. — Temos que voltar!
Luce mordeu seu lábio. E se alguma coisa aconteceu com Penn? Ela mal podia ver Todd, que estava parado exatamente em frente a ela. Ele tinha razão, mas qual era o caminho de volta?
Luce assentiu silenciosamente, e sentiu a mão dele tomando a dela.
Por um longo tempo, ela se moveu sem saber onde estavam indo, mas enquanto eles seguiam, a fumaça se desvanecia, pouco a pouco, até que, eventualmente, ela viu o brilho vermelho da saída de emergência. Luce deu um suspiro de alívio enquanto Todd procurava pela maçaneta da porta e finalmente a abriu.
Eles estavam em um corredor que Luce jamais tinha visto. Todd fechou a porta atrás deles. Eles tossiram e encheram seus pulmões com ar limpo. Tinha um gosto tão bom, Luce queria afundar seus dentes nisso, beber um galão disso, banhar-se nisso.
Ela e Todd tossiram a fumaça para fora de seus pulmões até que começaram a rir, uma inquieta, quase aliviada risada. Eles riram até que ela estava chorando. Mas mesmo quando Luce terminou de chorar e tossir, seus olhos continuavam lacrimejando. Como podia respirar neste ar quando ela nem sequer sabia o que tinha acontecido a Penn? E se Penn não tinha conseguido sair – se estava presa em algum lugar lá dentro – então Luce tinha falhado com alguém a quem lhe importava novamente. Só que desta vez seria muito pior.
Ela limpou os olhos e viu uma nuvem de fumaça passando por baixo da rachadura da base da porta. Ainda não estavam a salvo. Tinha outra porta no final do corredor. Através do painel de cristal da porta, Luce podia ver a forma de um ramo de uma árvore na noite. Exalou. Em pouco tempo, estariam do lado de fora, longe dessa fumaça intoxicante.
Se fossem o suficiente rápido, podiam ir para a entrada principal e assegurar-se de que Penn e a Srta. Sophia tinham saído.
— Vamos — Luce falou a Todd, que estava curvado, respirando com dificuldade. — Temos que continuar.
Ele se endireitou, mas Luce podia ver que estava realmente mal. Seu rosto estava vermelho, seus olhos eram selvagens e molhados. Ela praticamente teve que arrastá-lo até a porta. Ela estava tão concentrada em sair dali que levou um tempo para processar o pesado ruído que tinha caído sobre eles, silenciando o alarme.
Ela olhou para o redemoinho de sombras. Um espectro de sombras de tons de cinza e o mais profundo negro. Ela só devia ser capaz de ver um pouco mais sobre o teto, mas as sombras pareciam de alguma maneira estender-se sobre os limites, em um estranho e escondido céu. Todas estavam amontoadas umas sobre as outras, mas ainda assim, de alguma maneira eram distintas.
No meio delas estava a sombra mais clara e cinza que ela tinha visto anteriormente. Não era mais da forma alongada de uma agulha, mas agora parecia quase como a chama de um fósforo. Se balançou até eles no corredor. Ela realmente tinha apartado essa forma obscura quando tinha ameaçado esfolar a cabeça de Penn? A recordação fez com que suas palmas lhe coçassem e seus dedos se enrolarem.
Todd começou a bater-se contra as paredes, como se o corredor estivesse aproximando-se dele. Luce sabia que eles estavam em algum lugar próximos da porta. Ela pegou sua mão, mas suas mãos suadas se deslizaram uma e outra vez. Ela enrolou seus dedos fortemente ao redor do pulso dele. Ele estava tão pálido como um fantasma, agachou-se do chão, quase encolhido. Um gemido de pavor escapou de seus lábios.
Era porque a fumaça agora estava chegando no corredor? Ou era porque ele também podia ver as sombras? Impossível.
Ainda assim, seu rosto estava comprimido e horrorizado. Muito mais agora que as sombras estavam aproximando-se.
— Luce? — Sua voz tremeu.
Outra onda de sombras se levantou diretamente em seu caminho. Uma cortina negra intensa se estendeu sobre as paredes e fez impossível para Luce ver o chão. Ela olhou para Todd – ele podia ver isso?
— Corre! — Ela gritou.
Ele ainda podia correr? Seu rosto estava cinzento e suas pálpebras fechadas. Ele estava a ponto de desmaiar. Mas então, repentinamente parecia como se ele estivesse carregando-a. Ou algo estava carregando os dois.
— Que diabos...? — Todd gritou.
Seus pés se levantaram do chão só por um momento. Sentiu como se estivesse em uma onda no oceano, um cume leve que a levantava mais alto, levando seu corpo ao ar. Luce não sabia até onde iria – ela nem sequer podia ver a porta, só um monte de sombras ao redor. Próximas dela, mas não a tocaram. Ela deveria ter estado horrorizada, mas não estava. De alguma maneira se sentia protegida das sombras, como se algo a estivesse protegendo – algo flexível mas impenetrável. Algo estranhamente familiar. Algo forte, mas gentil. Algo... quase muito rápido, ela e Todd estavam na porta. Seus pés tocaram o chão de novo, e ela se lançou contra porta de emergência.
Então ela soltou. Sufocada. Ofegante. Com ânsia de vômito.
Outro alarme estava soando. Mas estava soando muito longe.
O vento roçou seu pescoço. Eles estavam do lado de fora! Parados em um pequeno peitoral, um lance de escadas chegavam até a área principal, e inclusive quando tudo em sua cabeça se sentia nublado e cheio de fumaça, Luce pensou que podia escutar vozes em algum lugar próximo. Ela virou para tentar saber o que tinha acontecido. Como ela e Todd tinham saído através dessa grossa, negra e impenetrável sombra? E o que era essa coisa que os tinha salvo? Luce sentiu sua ausência. Ela quase queria voltar para procurá-la. Mas o corredor estava escuro, e seus olhos ainda estavam cheios de lágrimas, e ela já não podia distinguir as retorcidas formas das sombras. Talvez tivessem ido.
Depois houve uma irregular pincelada de luz, algo que parecia com o tronco de árvore com ramos – não, como um torço amplos, longos membros. Uma pulsante, quase violeta coluna de luz movendo-se pra cima deles. Isso fez com que Luce pensasse, absurdamente, em Justin. Ela estava vendo coisas. Ela respirou fundo e tentou piscar as lágrimas de fumaça de seus olhos. Mas a luz ainda estava ali. Ela sentia mais que ouvi-la chamar, acalmando-a, uma canção de ninar em meio a uma zona de guerra.
Então ela não viu chegar a sombra.
Bateu no corpo dela e de Todd, rompendo a ligação um do outro, e lançando Luce no ar.
Ela aterrissou ao pé das escadas. Um grunhido agonizante escapou de seus lábios. Por um longo momento sua cabeça latejava. Ela nunca tinha conhecido uma dor tão profunda e abrasadora como esta. Ela chorou durante a noite, no conflito de luz e sombra sobre sua cabeça. Então tudo se tornou muito e Luce se entregou, fechando os olhos.Continua...
Oe, GENTE EU SENTI TANTA FALTA DE VOCÊS! ;/ minha mãe ainda não arrumou a net, e eu fiquei num lugar que tbm naum tinha net. Eu quase morri e eu sei que tô sumida, eu e a Karina, mas não é culpa nossa! Se pudéssemos, agnt postava todos os dias, 3 capítulos de uma só vez. Mais é muito corrido! Nós estamos escrevendo várias Fics pra vcs, e contando com a de natal também que vai ser uma mini. Nós vamos fazer uma enquete e vcs votem pfvr, são pra vcs ok? Bjo *-*
Respondendo:
Joana Margarida: Sério ainda bem que vs comenta :3 Obg por comentar sem vs eu já teria desistido, mas msm assim eu não deixaria vcs <3' Continuei. Vota lá na enquete.
*- Little Pinguins -*
3 comentários:
continua logo ta perfeito
nova leitora amei continua
O.o contiinuaa muiée <3
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