Quando
Luce atendeu à batida em sua porta na manhã de sábado, Penn caiu em seus
braços.
— Era de
se esperar que eu aprendesse algum dia que as portas abrem pra dentro — ela desculpou-se,
ajeitando seus óculos. — Tenho que me lembrar de parar
de me inclinar nos olhos mágicos. Belo local, a propósito — ela
acrescentou, olhando ao redor. Ela cruzou até a janela sobre a cama de Luce. — Não é
uma má vista, fora as barras e tudo.
Luce
ficou de pé atrás dela, olhando para o cemitério e, a plena vista, o carvalho
vivo onde ela fizera o piquenique com Cam. E, invisível daqui, mas claro em sua
cabeça, o lugar onde ela ficara esmagada sob a estátua com Justin. O anjo
vingador que tinha desaparecido misteriosamente após o acidente.
Lembrando-se
dos olhos preocupados de Justin quando ele tinha sussurrado seu nome naquele dia,
o toque próximo de seus narizes, o jeito como ela tinha sentido as pontas dos
dedos dele em seu pescoço – tudo isso a fazia se sentir quente. E patética.
Ela
suspirou e se afastou da janela, percebendo que Penn tinha se movido também. Ela
estava pegando coisas da mesa de Luce, dando a cada uma das posses de Luce um
exame detalhe cuidadoso. O peso de papel da Estátua da Liberdade que seu pai
tinha trazido de uma conferência na Universidade de Nova York, a foto de sua
mãe com um permanente hilário de tão ruim quando ela tinha aproximadamente a
idade de Luce, o CD de Lucinda Williams que Callie tinha lhe dado como presente
de partida antes mesmo que Luce tivesse ouvido o nome Sword & Cross.
— Onde
estão os seus livros? — ela perguntou a Penn, querendo
desviar de uma viagem pela rua das lembranças. — Você disse
que estava vindo estudar.
Nessa
hora, Penn tinha começado a remexer em seu guarda-roupa. Luce observou enquanto
ela rapidamente perdia interesse nas variações do estilo de camisetas e
suéteres pretos do código de vestimenta. Quando Penn se moveu na direção das
gavetas de sua penteadeira, Luce deu um passo para frente para interceptar.
— Está
bem, isso é o bastante, bisbilhoteira. Não tem uma pesquisa que devíamos estar
fazendo sobre as árvores genealógicas?
— Falando
em bisbilhotar — os olhos de Penn cintilaram. — Sim, há
uma pesquisa que deveríamos estar fazendo. Mas não a que você está pensando.
Luce
encarou-a inexpressivamente.
— Hein?
— Olha — Penn
colocou sua mão no ombro de Luce. — Se você
realmente quiser saber sobre Justin Bieber...
— Shhh! — Luce
sibilou, pulando para fechar sua porta.
Ela
enfiou sua cabeça no corredor e escaneou a cena. A barra parecia limpa – mas
isso não significava nada. As pessoas nessa escola tinham uma maneira suspeita
de aparecer do nada. Cam em particular. E Luce morreria se ele – ou qualquer um
– descobrisse o quanto ela estava enamorada pelo Justin. Ou, a essa altura,
qualquer um, exceto a Penn.
Satisfeita,
Luce fechou e trancou a porta e se virou para sua amiga. Penn estava sentada de
pernas cruzadas na beira da cama de Luce. Ela parecia divertida.
Luce
prendeu suas mãos atrás de suas costas e afundou seus dedos no tapete vermelho
circular perto de sua porta.
— O que
te faz achar que eu quero saber algo sobre ele?
— Me dá
um tempo — Penn respondeu, rindo. — A, é
totalmente óbvio que você encara o Justin Bieber o tempo todo.
— Shhh! — Luce
disse novamente.
— B — Penn
continuou, não abaixando sua voz — eu te
observei persegui-lo online por uma aula inteira no outro dia. Me processa –
mas você estava sendo totalmente descarada. E C, não fique toda paranoica. Você
acha que eu fofoco com alguém nessa escola além de você?
Penn
tinha mesmo razão.
— Só
estou dizendo — ela continuou — assumindo que, hipoteticamente,
você quisesse saber mais sobre uma certa pessoa sem nome, você podia
concebivelmente procurar numa árvore mais frutífera — Penn
deu de ombros. — Sabe, se você tivesse ajuda.
— Estou
escutando — Luve falou, afundando na cama.
Sua
pesquisa na internet no outro dia se resumira a digitar, então deletar, então
digitar novamente o nome de Justin no campo de pesquisa.
— Esperava
que você dissesse isso. Eu não trouxe livros comigo hoje porque eu vou te dar — ela
arregalou seus olhos patetamente — uma
excursão guiada no covil subterrâneo altamente fora dos limites do escritório
de registros da Sword & Cross!
Luce
fez careta.
— Eu não
sei. Espiar os arquivos do Justin? Não sei preciso de outra razão para me sentir
como uma perseguidora louca.
— Haha. E
sim, você acabou de dizer isso em voz alta. Vamos, Luce. Será divertido. Além
do mais, o que mais você vai fazer numa manhã perfeitamente ensolarada de
sábado?
Era um
belo dia – precisamente o tipo de belo que fazia você se sentir solitária se
não tivesse nada divertido planejado ao ar livre. No meio da noite, Luce
sentira um vento frio pela sua janela aberta, e quando ela acordara essa manhã,
o calor e a umidade não tinham desaparecido.
Ela
costumava passar esses preciosos dias do começo do outono andando na trilha de
bicicleta da vizinhança com seus amigos. Isso fora antes de ela começar a
evitar a trilha da floresta por causa das sombras que nenhuma das outras
garotas via. Antes que seus amigos a fizessem se sentar durante o recesso e
disseram que seus pais não queriam mais que eles a convidassem para ir em suas
casas, no caso dela ter um incidente.
A
verdade era que Luce tinha ficado um pouco em pânico sobre como passaria esse
primeiro final de semana na Sword & Cross. Nada de aulas, nada de exames
físicos aterrorizantes, nada de eventos sociais na lista. Somente quarenta e
oito horas intermináveis de tempo livre. Uma eternidade. Ela tinha tido uma
sensação enjoada de saudades de casa a manhã toda – até Penn aparecer.
— Está
bem — Luce tentou não rir quando disse — me leve
ao seu covil secreto.
Penn
praticamente saltitava enquanto levava Luce pela grama esmagada da área comum
até o salão principal perto da entrada da escola.
— Você
não sabe quanto tempo eu esperei em trazer um parceiro no crime aqui embaixo
comigo.
Luce
sorriu, feliz que Penn estava mais focada em ter uma amiga com quem explorar do
que estava em, bem, essa... coisa que Luce tinha por Justin.
No fim
da área comum, eles passaram por alguns garotos descansando nas arquibancadas
no claro sol de tarde da manhã. Era estranho ver cor no campus, naqueles
estudantes que Luce identificava tanto com a cor preta. Mas lá estava Roland com
um short de futebol verde-limão, driblando uma bola entre seus pés. E Gabbe com
sua blusa roxa abotoada. Jules e Phillip – o casal das línguas furadas –
estavam desenhando nos joelhos dos jeans desbotados um do outro. Todd Hammond
sentava-se distante do resto dos garotos nas arquibancadas, lendo uma história
em quadrinhos com uma camiseta de camuflagem. Até mesmo a regata e o short
cinza de Luce pareciam mais vibrantes do que qualquer coisa que ela tinha usado
a semana toda.
A
Treinadora Diante e a Albatroz estavam cuidando do gramado e tinham colocado
duas cadeiras de jardim de plástico e um guarda-sol desconjuntado no fim da
área comum. Tirando a parte quando apagavam seus cigarros na grama, elas podiam
estar dormindo por trás de seus óculos de sol escuros. Elas pareciam
absolutamente entediadas, tão aprisionadas por seus trabalhos quanto os
acusados que estavam monitorando.
Havia
muitas pessoas na área comum, mas enquanto ela seguia perto de Penn, ela ficou
feliz de ver que não havia ninguém perto do salão principal. Ninguém tinha dito
nada para Luce sobre passar dos limites de áreas restritas, ou mesmo quais
áreas eram restritas, mas ela tinha certeza que Randy encontraria uma punição
apropriada.
— E
quanto aos vermelhos? — Luce perguntou, se lembrando
das câmeras onipresentes.
— Eu
simplesmente coloquei umas baterias descarregadas em algumas dela no caminho
até seu quarto — Penn respondeu, no mesmo tom de voz indiferente que outra pessoa
usaria para dizer “Eu acabei de encher o carro com gasolina.”
Penn
deu um olhar perscrutador ao redor antes de dirigir Luce para a entrada
traseira do prédio principal e por três degraus íngremes para baixo para uma
porta de cor azeitonada não visível do nível do solo.
— Esse
porão é da época da Guerra da Secessão também? — Luce
perguntou.
Parecia
uma entrada para o tipo de lugar onde você dava para esconder alguns
prisioneiros de guerra. Penn deu uma cheirada longa e dramática no ar úmido.
— A ponta
de mal cheiro responde a sua pergunta? Isso aqui é um mofo anterior à guerra. — Ela
sorriu sarcasticamente para Luce. — A maioria
dos estudantes se ajoelharia pela chance de inalar um ar tão célebre.
Luce
tentou não respirar pelo nariz enquanto Penn pegava um amontoado de chaves
seguradas por uma passadeira gigante digno de loja de ferragens.
— Minha
vida seria tão mais fácil se eles fizessem uma chave mestra para esse lugar — ela comentou,
procurando no sortimento e finalmente puxando uma fina chave de prata.
Quando
a chave virou na fechadura, Luce sentiu um tremor inesperado de animação. Penn
estava certa – isso era muito melhor do que mapear nossa árvore genealógica.
Elas
andaram uma pequena distância num corredor quente e úmido cujo teto era apenas
alguns centímetros mais alto que suas cabeças. O ar cheirava como se algo
tivesse morrido ali, e Luce ficou quase feliz pelo cômodo ser escuro demais
para ver claramente o chão. Bem quando ela estava começando a se sentir
claustrofóbica, Penn pegou outra chave que abria uma porta pequena, mas muito
mais moderna. Elas mergulharam nela, então foram capazes de ficar de pé no
outro lado.
Dentro,
o escritório de registros fedia a mofo, mas o ar parecia muito mais frio e
seco. Estava negro como breu, exceto pelo brilho vermelho fraco do sinal de
SAÍDA sobre suas cabeças.
Luce
conseguia distinguir a silhueta robusta de Penn, suas mãos tateando o ar.
— Onde
está aquela corda? — ela resmungou. — Aqui.
Com um
empurrão gentil, Penn ligou uma lâmpada incandescente descoberta, pendurada no
teto por uma corrente de elos de metal. O cômodo ainda estava turvo, mas agora
Luce conseguia ver que as paredes de cimento também estavam pintadas de verde
oliva e alinhadas com pesadas prateleiras de metal e fichários. Dúzias de
caixas de papelão tinham sido entulhadas nas prateleiras, e as fileiras entre
os fichários parecia se esticar para sempre. Tudo estava coberto por um feltro
espesso de poeira. A luz do sol do lado de fora repentinamente parecia muito
distante.
Mesmo
Luce sabendo que eles estavam apenas a uma escadaria do chão, podia muito bem
ser a um quilômetro. Ela roçou seus braços nus. Se fosse uma sombra, esse porão
era exatamente onde ela estaria. Não havia sinais delas ainda, mas Luce sabia
que isso não era uma razão boa o bastante para se sentir segura.
Penn,
inabalada pela melancolia do porão, arrastou uma banqueta com degrau do canto.
— Uau — ela
disse, puxando-o atrás de si enquanto andava. — Algo
está diferente. Os registros costumavam ficar bem aqui... Eu acho que eles
fizeram uma limpezinha geral desde a última vez que eu me intrometi aqui.
— Há
quanto tempo foi isso? — Luce perguntou.
— Cerca
de uma semana...
A voz
de Penn diminuiu enquanto ela desaparecia na escuridão atrás de um fichário
alto.
Luce
não conseguia imaginar para que a Sword & Cross poderia precisar de todas
essas caixas. Ela levantou uma tampa e puxou um arquivo espesso etiquetado
MEDIDAS CORRETIVAS. Ela engoliu secamente. Talvez fosse melhor que ela não
soubesse.
— Está em
ordem alfabética por estudante — Penn explicou. Sua voz soava
abafada e distante. — E, F, G... aqui estamos nós, Bieber.
Luce
seguiu o som de papelada farfalhando por uma fileira estreita e logo encontrou
Penn com uma caixa apoiada em seus braços, lutando sob seu peso. O arquivo de Justin estava enfiado sob seu queixo.
— É tão
fino — ela disse, levantando seu queixo ligeiramente para que Luce
pudesse pegá-lo. — Normalmente, há muito mais,
hum...
Ela
olhou para cima para Luce e mordeu seu lábio.
— Está
bem, agora eu soo como uma perseguidora maluca. Vamos simplesmente ver o que
tem dentro.
Havia
apenas uma única página no arquivo de Justin. Uma cópia em preto e branco do que
deveria ter sido sua foto da carteirinha de estudante estava colada no alto do
canto direito. Ele estava olhando diretamente para a câmera, para Luce, um
sorriso desbotado em seus lábios. Ela não conseguiu evitar sorrir de volta. Ele
parecia exatamente o mesmo que naquela noite quando... bem, ela não conseguia
pensar exatamente quando. A imagem de sua expressão estava tão penetrante em
sua mente, mas ela não conseguia reconhecer onde ela a havia visto.
— Deus,
ele não parece exatamente o mesmo? — Penn
interrompeu os pensamentos de Luce. — E olhe
a data. Essa foto foi tirada há três anos quando ele veio para Sword &
Cross.
Devia
ser isso que Luce estivera pensando... que Justin parecia o mesmo de agora. Mas
ela sentira que estivera pensando – ou prestes a pensar – em algo diferente, só
que agora ela não conseguia se lembrar o que era.
— Pais:
desconhecidos — Penn leu, com Luce inclinando-se sobre seu ombro. — Guardião:
Orfanato do Condado de Los Angeles.
— Orfanato?
— Luce perguntou, pressionando sua mão em seu coração.
— É só
isso que tem. Todo o resto listado aqui é o seu...
— Histórico
criminal — Luce terminou, lendo adiante. — Vagabundear
em um banco público... vandalismo com um carrinho de compras... andar fora da
faixa.
Penn
alargou seus olhos para Luce e engoliu uma risada.
— Loverboy
Grigori foi preso por andar fora da faixa? Admita, isso é engraçado.
Luce
não gostava de imaginar Justin sendo preso por nada. Ela gostava ainda menos
que, de acordo com a Sword & Cross, a vida inteira dele somava um pouco
mais do que uma lista de contravenções. Todas essas caixas de papelada aqui
embaixo, e isso era tudo que tinha sobre o Justin.
— Tem que
ter mais.
Passos
acima. Os olhos de Luce e Penn foram para o teto.
— O
escritório principal — Penn sussurrou, puxando um
lenço de papel de dentro de sua manga para assoar seu nariz. — Pode
ser qualquer um. Mas ninguém irá descer aqui, confie em mim.
Um
segundo mais tarde, uma porta bem nos fundos dentro do cômodo abriu rangendo, e
uma luz de um corredor iluminou a escadaria. Um som de sapatos começou a
descer.
Luce
sentiu o aperto de Penn nas costas de sua camiseta, puxando-a contra a parede
atrás de um estante de livros. Elas esperaram, segurando suas respirações e
apertando o arquivo de Justin pego ilegalmente em suas mãos. Elas foram tão,
tão pegas no flagra.
Luce
estava com seus olhos fechados, esperando o pior, quando um cantarolar
assombroso e melódico encheu o cômodo. Alguém estava cantando.
— Doooo
da da da dooo — uma voz feminina sussurrava suavemente.
Luce
suspendeu seu pescoço entre duas caixas de arquivos e conseguiu ver uma mulher magra
mais velha com uma pequena lanterna presa em sua testa como um minerador.
Senhorita Sophia. Ela carregava duas caixas largas, uma empilhada em cima da
outra, assim a única parte dela que estava visível era sua testa brilhante.
Seus passos aéreos faziam parecer como se as caixas estivessem cheias de penas
ao invés de arquivos pesados.
Penn
agarrou a mão de Luce enquanto elas observavam a Senhorita Sophia colocar as
caixas de arquivos numa prateleira vazia. Ela tirou uma caneta para escrever
algo em seu caderno.
— Só mais
algumas — ela disse, então algo baixinho que Luce não conseguiu ouvir.
Um
segundo mais tarde, a Senhorita Sophia deslizava de volta pela escada, indo
embora tão rapidamente quanto tinha aparecido. Seu cantarolar permaneceu por
apenas um instante em seu rastro.
Quando
a porta fechou, Penn soltou um trago enorme de ar.
— Ela
disse que tinham mais. Ela provavelmente vai voltar.
— O que
fazemos? — Luce perguntou.
— Você
escapa pela escada — Penn respondeu, apontando. — Vira a
esquerda no alto e estará bem no escritório principal. Se alguém te ver, você
pode dizer que estava procurando um banheiro.
— E
quanto a você?
— Eu
guardarei o arquivo do Justin e te encontrarei na arquibancada. A Senhorita
Sophia não ficará desconfiada se ver apenas eu. Eu fico tanto aqui embaixo que
é como um segundo dormitório.
Luce
espiou o arquivo de Justin com uma pontadinha de arrependimento. Ela ainda não
estava pronta para ir embora. Bem na hora que ela tinha se resignado a checar o
arquivo de Justin, ela também começou a pensar no do Cam. Justin era tão oculto
– e infelizmente, seu arquivo também. Cam, por outro lado, parecia tão aberto e
fácil de ler que a deixava curiosa. Luce se perguntou o que mais ela seria
capaz de descobrir sobre ele que ele não dividiria de outra forma.
Mas uma
olhada no rosto de Penn a disse que elas já estavam com tempo curto demais.
— Se
houver mais para acharmos sobre o Justin, acharemos — Penn a
assegurou. — Vamos continuar procurando. — Ela
deu um pequeno empurrão em Luce na direção da porta. — Agora,
vá.
Luce se
movia rapidamente pelo grosseiro corredor, então abriu uma porta até a escada.
O ar na base da escada ainda estava úmido, mas ela conseguia senti-lo clarear
um pouco com cada passo que dava. Quando finalmente curvou a esquina no alto da
escada, teve que piscar e esfregar seus olhos para se reajustar à brilhante luz
do sol inundando o corredor. Ela tropeçou na esquina e pelas portas pintadas de
branco até o salão principal. Lá ela congelou.
Duas
botas pretas de salto agulha, cruzadas nos tornozelos, estavam apoiadas em cima
e para fora de uma cabine telefônica, parecendo muito a Bruxa Má do Sul. Luce
se apressava na direção da porta dianteira, esperando não ser avistada, quando
ela percebeu que as botas de salto agulha estavam presas a uma legging de pele
de cobra, que estava presa a uma Molly não-sorridente. A pequenina câmera de
prata descansava em sua mão. Ela levantou seus olhos para Luce, desligou o
telefone em seu ouvido, e ficou de pé no chão.
— Por que
você parece tão culpada, Bolo de Carne? — ela
perguntou, ficando de pé com suas mãos em seus quadris. — Deixe-me
adivinhar. Você ainda está planejando ignorar a minha sugestão de ficar longe
do Justin.
Todo o
negócio de monstro malvado tinha que ser uma atuação. Não tinha jeito da Molly
saber onde Luce acabara de estar. Ela não sabia nada sobre a Luce. Ela não
tinha razão para ser tão má. Desde o primeiro dia de escola, Luce nunca fizera
nada para Molly – exceto tentar ficar longe dela.
— Você
está se esquecendo que desastre infernal foi da última vez que você tentou se
forçar sobre um cara que não estava interessado? — A voz
de Molly estava tão afiada quanto uma faca. — Qual é
mesmo o nome dele? Taylor? Truman?
Trevor.
Como é que a Molly podia saber sobre o Trevor? Era isso, seu segredo mais
profundo e sombrio. A única coisa que Luce queria – precisava – manter em
segredo na Sword & Cross. Agora, não só o Mal Encarnado sabia sobre tudo
isso, como ela não sentia vergonha alguma em mencionar isso, cruel,
arrogantemente – no meio do escritório principal da escola.
Era
possível que Penn mentira, que Luce não era a única pessoa com quem ela dividia
seus secretos de escritório? Havia alguma outra explicação lógica? Luce prendeu
seus braços sobre seu peito, sentindo-se enojada e exposta... e
inexplicavelmente culpada como se sentira na noite do incêndio.
Molly
inclinou sua cabeça.
— Finalmente
— ela disse, soando aliviada. — Algo te
atingiu.
Ela
virou suas costas para Luce e empurrou a porta dianteira. Então, logo antes
dela vaguear para fora, ela torceu seu pescoço e olhou para Luce.
— Então
não faça com o querido Justin o que você fez com o qual-o-nome-dele. Capiche?
Luce
começou a ir atrás dela, mas só deu alguns passos para fora da porta antes de
perceber que provavelmente explodiria se tentasse confrontar Molly agora. A
garota era simplesmente cruel demais. Então, esfregando sal na ferida de Luce,
Gabbe trotou da arquibancada para encontrar Molly no meio do campo. Elas
estavam longe o bastante que Luce não conseguia distinguir suas expressões
quando ambas se viraram para olhar para ela. A cabeça da loira com
rabo-de-cavalo levantou-se na direção da com corte de fadinha e preto – a conversa
a dois mais odiosa que Luce já tinha visto.
Ela
curvou seus punhos suados juntos, imaginando Molly despejando tudo que sabia
sobre Trevor para Gabbe, que imediatamente correria para transmitir as noticias
para o Justin. Pensando isso, uma dor enjoativa se espalhou dos dedos da Luce,
pelos seus braços, e em seu peito. Justin podia ter sido pego andando fora da
faixa, mas e daí? Era nada comparado pelo que Luce estava aqui.
— Cuidado
com a cabeça! — uma voz chamou.
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